
A incrível história do maior predador da humanidade
O Mosquito (Editora Intrínseca, 608 páginas, R$ 69,90, tradução de Leonardo Alves), de Timothy C. Winegard, doutor em história pela Universidade de Oxford e professor da Colorado Mesa University, ex-militar no Canadá e Reino Unido e autor de quatro livros sobre história militar e estudos indígenas, apresenta a incrível história do maior predador da humanidade.
A obra foi best-seller do The New York Times e mostra com muito embasamento a história épica do impacto da atuação do inseto na evolução das sociedades. No Brasil, país da dengue, chikungunya e zika, o mosquito já tem fama de vilão por ser o vetor dessas doenças, que desafiam a saúde pública brasileira por seu alto poder de contágio e potencial endêmico. O pequeno e nada inofensivo inseto não é apenas uma ameaça nos trópicos.
A obra mostra a evolução do minúsculo predador ao longo dos séculos. Com muitos dados curiosos, o livro mostra os nada menos que 110 trilhões de "soldados" insetos espalhados em quase todos os cantos do mundo, que, munidos de quinze armas biológicas letais, mataram, em média, desde o ano 2000, uma média de dois milhões de pessoas.
Por que o gim tônica era o drinque preferido dos colonizadores ingleses na Índia e na África? A qual elemento a rede Starbucks deveria creditar seu domínio mundial? Qual foi o fator determinante para a ruína das Cruzadas? Qual foi a arma secreta de George Washington durante a Revolução Americana? As respostas passam pelo mosquito.
O inseto conduziu o destino de impérios e nações, destroçou economias e foi decisivo em inúmeras guerras. O inseto foi responsável pela morte de 52 bilhões de pessoas no mundo até agora. Sem mosquitos, o mundo e sua história seriam bem diferentes.
Repleto de insights e uma narrativa vigorosa, O Mosquito apresenta uma pesquisa extensiva, embasada e acessível acerca do intrigante tema e, por esses méritos, a obra foi finalista do prêmio de melhor não ficção canadense RBC Taylor de 2020 e do Lane Anderson Awards.
Lançamentos
- A maldição da Adaga (Viseu, 298 páginas, R$ 51,90), romance de estreia de Guilherme Paranhos Cardoso, formado em Relações Internacionais, traz Oscar Wagner, dono de amaldiçoada adaga, representando a dualidade humana, em território fictício, entre a Idade Média e a Era Industrial. Oscar tenta se livrar do objeto, mas..
- Tragédia da Rua da Praia (Libretos, 60 páginas, R$ 45,00) 2ª. Edição, roteiro de Rafael Guimaraens e quadrinhos de Edgar Vasques traz história real ocorrida em setembro de 1911. Quatro misteriosos estrangeiros invadem casa de câmbio na Rua da Praia e fogem pelo centro a pé, de carruagem, bonde e carrocinha de leiteiro.
- Talvez você deva conversar com alguém (Vestígio, 448 páginas, R$ 39,00), da consagrada escritora e psicoterapeuta americana Lori Gottlieb, best-seller do The New York Times, traz histórias de sua rica trajetória no consultório, envolvendo ela mesma, seu terapeuta e a vida de todos nós. O livro é ousado, honesto, cheio de boas narrativas.
Discursos e conferências de Luiz-Olyntho Telles da Silva
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido último da existência? Estas e outras grandes e milenares perguntas seguem nos acompanhando, enquanto a caminhada humana no planeta continua. Revelar todos os mistérios e desvendar tudo através das ciências e das artes provavelmente tornaria a vida menos interessante. Filosofar é perguntar e o futuro segue pertencendo a Deus, como sempre disseram nossos antepassados.
Contar e escrever histórias, desde as rodas de fogo das cavernas até tempos velozes com nossos infinitos meios eletrônicos, segue necessário e humano como respirar, comer, dormir ou procriar. As origens da escrita e outros discursos (Editora Martins Livreiro, 240 páginas), obra mais recente de Luiz-Olyntho Telles da Silva, psicólogo, psicanalista e autor de inúmeros livros importantes, aborda vários temas relacionados com psicanálise, ética e literatura. A obra é composta de palestras e discursos proferidos entre 2001 e 2018.
Na palestra que dá título ao volume, As origens da escrita, que está nas páginas 161 a 168, o autor fala de nossa expressão desde as gravuras rupestres de Altamira até autores mais recentes como Jorge Luis Borges e entrelaça estudos de Freud sobre falar, ler e escrever. Há quem diga que o que nos diferencia dos animais é a racionalidade; outros, porém, e com grandes razões, afirmam que a linguagem é que nos faz diferentes de outras espécies animais. A conversa é longa, mas essencial, com argumentos consistentes para todas as opiniões.
Luiz-Olyntho observa bem que "se tanto o ato de ler como o de escrever são solitários, eles têm, contudo, a virtude de nos colocar na companhia de outros e isso acontece tanto nos momentos em que lemos um escrito diante de uma plateia, quanto, por exemplo, ao acompanharmos, digamos, Ishmael à Capela dos Baleeiros, em New Bedford. Lá ele entra no silêncio abafado da Igreja, para proteger-se do temporal, e começa a ler nas lápides o trágico fim dos marinheiros, cujos corpos nunca foram resgatados do mar, dizendo das saudades das suas viúvas. Eu me emociono profundamente, como se fora amigo de Ishmael, e de toda aquela gente, desde sempre. E fico grato à Herman Melville, autor de Moby Dick."
A primeira parte do livro trata, com a conhecida cultura do autor e com o apoio em sólidas leituras, de temas ligados à psicanálise, como formação do analista, compreensão de problemas emocionais, literatura e prática terapêutica, sexualidade, casamento e parentalidade. Leitura na ética da psicanálise, relação médico e paciente e outros temas estão na segunda parte do volume.
A quarta parte é dedicada a temas de literatura e a quinta apresenta homenagens a Freud, Lacan, Donaldo Schüler, entre outros nomes que acompanham a trajetória de Luiz-Olyntho no decorrer de décadas de estudos e de dedicação profunda à psicanálise.
As origens da escrita e outros discursos, acima de tudo, é obra que nos remete a outros livros e nos inspira a pensar e refletir sobre nossa aventura no planeta.
A propósito...
Desde que o homem é homem, desde os primórdios da vida na Terra, com o big bang ou a criação divina, como queiram, buscamos entender quem somos, de onde viemos, para onde vamos e qual o sentido disso tudo. Há quem diga, brincando, é claro, ou não, que "história é algo que não aconteceu, contado por alguém que não estava lá". Jamais saberemos tudo e, mesmo depois de tantos progressos científicos e tecnológicos, estamos conscientes de que não avançamos muito em termos de autoconhecimento, espiritualidade, convívio fraterno e busca de uma existência mais pacífica e democrática entre pessoas e países. A psicanálise sem dúvida foi um grande passo para entendermos, um pouco ao menos, nossos porões mentais. Os textos de Luiz-Olyntho estão aí para nos animar a ir adiante. Uma vez perguntei para Donaldo Schüler qual sua mensagem e sua reflexão final. "Continua perguntando", respondeu ele.
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