05 DE NOVEMBRO DE 2019
CARPINEJAR
Filhos tóxicos
É comum falar de pais tóxicos, mas pouco questionamos o papel dos filhos tóxicos.
Os filhos egoístas que diminuem os seus genitores dizendo que estão caducos e que repetem as mesmas histórias (quando todos repetem as mesmas histórias, não importando a idade).
Os filhos que são megalomaníacos e cobram insaciavelmente os seus direitos e não enxergam a contrapartida de seus deveres.
Os filhos que não dividem os seus méritos, porém culpam a família pelos seus fracassos. Os filhos que humilham madrastas e padrastos, por pura inveja da felicidade, para manter o seu reinado.
Os filhos que gastam tudo o que podem com os seus romances e não são capazes de pagar o plano de saúde de seus antigos responsáveis.
Os filhos que gritam com os pais em público, rindo da lentidão do apego, desdenhando as suas lembranças e os seus feitos. Os filhos que não respeitam de onde vieram e quem são, quebrando espelhos e negando a simplicidade de sua origem.
Os filhos incompetentes para ouvir e valorizar a sabedoria da experiência, que entendem qualquer conselho com a indisposição de uma censura prévia.
Os filhos que foram amados e, mesmo assim, abandonam os pais velhos em asilos, sem nenhuma visita ou ligação afetiva. Os filhos que consideram a velhice como um problema contagioso, uma quarentena vitalícia, da qual se deve manter distância.
Os filhos que acham que aposentadoria é não fazer nada, que acumulam chamadas não atendidas no celular, que prometem ligar de volta e jamais retornam.
Os filhos programados para dizer que o pai ou a mãe não tem mais condições de gerir a própria rotina, apressados de diagnósticos e laudos, com a evidente intenção de se beneficiar e acelerar a partilha do testamento.
Os filhos que não permitem que os pais tenham manias, excentricidades e desejos loucos, como qualquer um, rotulando naturais excessos em insanidade.
Os filhos que apenas ficam com os pais em suas casas, desprovidos de cuidado especial, interessados em embolsar a aposentadoria, de tal maneira que anulam a independência e autonomia dos idosos de sair para a rua e passam a retirar o dinheiro de uma vida inteira, o justo salário deles, no guichê da Caixa Econômica Federal, apropriando-se de cartão e senha, utilizando o benefício como parte de seus salários.
Esses filhos não merecem um puxão de orelhas da sociedade? Porque eu não vejo ninguém comentando os abusos deles.
CARPINEJAR
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