quarta-feira, 13 de novembro de 2019



13 DE NOVEMBRO DE 2019
+ ECONOMIA

Efeito América Latina agora cresce

À medida que se acumulam dúvidas sobre o futuro do governo da Bolívia, outras incertezas vão surgindo. Ontem, a insegurança sobre a sucessão do já ex-presidente Evo Morales ecoou no mercado financeiro. A situação boliviana foi uma das causas da baixa de 1,5% na bolsa de valores brasileira. Analistas também mencionaram o Chile como fonte de inquietação, mas o Brasil é muito mais dependente da economia menos diversificada do vizinho do que da exportadora do país com o qual não faz fronteira.

Ainda vem da Bolívia a maior quantidade de gás natural consumido no Brasil, apesar das descobertas no pré-sal, que além de muito petróleo, tem enormes reservas de gás. Depois das concessões feitas no governo Lula para as demandas de Evo Morales, o governo federal se preparava para renegociar o contrato com a Bolívia, que vence no final deste ano. O potencial do pré-sal seria usado como argumento para resistir às tentativas do país andino de valorizar ainda mais seu suprimento, cujo preço encarece a produção de indústrias brasileiras.

Vêm da Bolívia cerca de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia para o Brasil, dos quais ao redor de 2 milhões chegam ao Rio Grande do Sul. Conforme afirmou ontem o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, com a indefinição do novo governo boliviano foi preciso interromper as tratativas.

Diretor-executivo de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy ressalvou que o Brasil tem um estoque que garante no mínimo seis meses de abastecimento. Há poucos meses, o governo federal anunciou um plano para reduzir a dependência da Bolívia no suprimento do combustível. Nesse caso, a Petrobras era vista como "vilã", por ter priorizado excessivamente a retirada de óleo do pré-sal, deixando o gás em segundo plano ou até simplesmente reinjetando volumes nas rochas em que se encontra.

O Brasil ainda é visto como um país de costas para a América do Sul. Essa atitude, no entanto, não garante imunidade, nem a efeitos econômicos, nem aos sociais dos protestos em série.

A nossa parte | SEM DISCRIMINAÇÃO INTELECTUAL

Em 2004, muito antes de soluções digitais serem comuns, Rossana Costa criou a Geo, empresa de gestão de dados e de apólices para seguradoras e corretores de seguros. Na época, o produto 100% online era visto com desconfiança ainda maior do que hoje. Quinze anos depois, tem metade da equipe de TI composta por mulheres, e Rossana desafia o alcance do conceito de diversidade. Afirma não ter qualquer preconceito, inclusive intelectual.

Em vez de ser demitido por baixa performance, o funcionário que não se sai tão bem em determinada atividade recebe chance de se desenvolver em outra.

Ainda financia qualquer tipo de aprendizado dos 22 funcionários, de graduação a cursos de especialização. Com o sucesso do seguro para o setor imobiliário, que quita a dívida em caso de morte do devedor, pretende expandir o modelo para o crédito, com a mesma proposta, até o próximo ano.

Solução exótica para cheque especial

A taxa cobrada no cheque especial será alvo de um plano de redução do Banco Central (BC), ainda que um tanto exótico: em vez de "só" juro estratosférico, o cliente que quiser usar o limite teria de pagar mensalidade ao redor de R$ 20. Em outubro, quando o juro básico era de 5,5% ao ano, a média do cheque especial para 12 meses foi de 274,4%, conforme a Anefac. Essa modalidade e a do cartão de crédito elevam a taxa média do juro de mercado para pessoa física para 20 vezes a básica.

Aplicada a redução prevista pelo BC, a taxa anual encolheria para 1.373%. Não melhora muito. O mais grave é que, conforme dados do BC, 77% dos usuários do cheque especial têm renda de até cinco salários mínimos. Tentando se antecipar, a Caixa anunciou corte da taxa mensal do cheque especial de 8,99% para 4,99%. Já era inferior à média, de 11,65%. Corta quase à metade.

Dpvat e IPVA

Assim como houve equívoco do governo gaúcho ao tentar obrigar pagamento à vista do IPVA, outra sigla ligada ao trânsito é alvo de tropeço governamental. Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a extinção do seguro obrigatório, com objetivo de evitar fraudes e reduzir o gasto público com sua manutenção. Se todo alvo de fraude no Brasil fosse exterminado, sobrariam poucas instituições, entidades e instrumentos. Ontem, com o surgimento da informação de que um adversário recente de Bolsonaro, Luciano Bivar, deve ser um dos principais atingidos pela extinção, aumentaram os motivos para rever a medida. Fraudes devem ser investigadas, punidas e combatidas. Mas a justificativa de reduzir despesa pública é falaciosa. Boa parte das consequências da extinção vai se transformar em aumento de custos na rede pública de saúde.

1%

é a nova estimativa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para o desempenho do setor de serviços no país neste ano. Foi elevada de 0,8%, o que pode provocar revisões também nas estimativas do PIB de 2019.

Na rede da Randon

No ano passado, foi a Fras-le que encarreirou uma compra depois da outra. Neste, o apetite das Empresas Randon diminuiu, mas a controlada Master Sistemas Automotivos adquiriu a Ferrari Indústria Metalúrgica, de Flores da Cunha, uma pequena fundição, com 35 funcionários.

A intenção da Randon é adicionar ao portfólio itens fundidos em alumínio sob pressão, tanto para suprir o consumo do próprio grupo quanto as necessidades dos atuais clientes de Master e Ferrari e até exportar.

Imersão virtual

A franquia Beetools, criada em 2017 em Curitiba, está chegando à Grande Porto Alegre. A edtech (startup de educação) acelerada pela Singularity University espalhou 22 unidades no Brasil em dois anos.

O empreendedor Rafael da Silva explica que o modelo não é de mensalidade, mas de assinatura. O aluno compra pacotes e tem acesso a aulas no celular no formato de game, em que passa de fases. Quando isso ocorre, ganha prêmios.

Na escola física, o aluno tem professor à disposição para orientação individual e acesso a óculos 3D que simulam diversas situações, de compras em lojas a reuniões corporativas em inglês. A intenção é testar o conhecimento da língua em imersão virtual, com assistência de inteligência artificial.

Insatisfeito com a desistência e o baixo comprometimento dos alunos, Fábio Ivatiuk criou a Beetools para dar flexibilidade e leveza ao ensino de inglês.

MARTA SFREDO

Nenhum comentário: