21 DE NOVEMBRO DE 2019
ENSINO SUPERIOR
Novo vestibular da UFRGS faz candidatos mudarem estratégias
Pela primeira vez em décadas, federal altera datas e horários das provas, que ocorrem neste fim de semana, dias após o Enem
Neste final de semana, o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ingressa em uma nova fase, com datas, horários e dias da semana diferentes daqueles a que os candidatos estão habituados. Fazia tanto tempo que o concurso costumava ocorrer em manhãs de janeiro, de domingo a quarta-feira, que a UFRGS não conseguiu precisar quando começou essa tradição. Desta vez, o vestibular vai acontecer no ano anterior ao início das aulas, nos próximos dois finais de semana (23, 24 e 30 de novembro e 1º de dezembro), com provas no sábado e no domingo à tarde.
Para os alunos e as famílias, é uma transformação importante. Mudam prazos de preparação, UFRGS e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorrem com diferença de poucos dias, e a rotina de férias e final de ano se altera. Essas mudanças foram bem recebidas por muitos candidatos.
Desde 2014, João Pedro Alves Vaz, 22 anos, só não fez o vestibular da UFRGS em 2016. Ele passou em 2015 para Fonoaudiologia e, a partir de 2017, começou a tentar o ingresso em Medicina. Apesar de toda essa experiência, o concurso deste ano terá sabor de novidade. Para seu sexto vestibular, teve de mudar a forma de preparação. Até o ano passado, o foco dele ao longo do ano era o Enem. Depois de se submeter às provas, ainda sobravam cerca de dois meses para uma imersão na UFRGS. Agora, com o intervalo de apenas duas semanas entre os exames, reviu a estratégia.
- São estilos diferentes de prova. Tive de me organizar de outra forma, fazer exercícios da UFRGS e do Enem ao mesmo tempo. Como a minha nota no Enem melhorou mais do que a da UFRGS ao longo do tempo, preferi me dedicar mais ao Enem. Mas não me sinto menos preparado - afirma.
Nos poucos dias entre um exame e outro, João Pedro, aluno do cursinho Peso 3, tem se dedicado à resolução de questões de vestibulares passados. Apesar do tempo curto para uma preparação específica para o concurso da federal, vê vantagens na antecipação das datas. Às vésperas do Enem, ele fez uma revisão completa de conteúdos:
- Não tem tempo de esquecer, com as provas pertinho uma da outra. Além disso, fazer o vestibular em janeiro era massacrante. Enquanto todo mundo estava nas festas de fim de ano, eu continuava ali, sob tensão, estudando.
A realização em dois fins de semana - e não em dias consecutivos - também é vista com agrado por ele. Assim, diz João Pedro, é possível dedicar-se às disciplinas correspondentes nos dias anteriores.
Pedro Henrique Serpa, 19 anos, que vai se submeter ao segundo vestibular para Engenharia da Produção, concorda que a divisão da prova em dois fins de semana é uma boa medida:
- O vestibular em dias consecutivos é desgastante. No último dia, eu já estava cansado.
Pedro Henrique também considera positivo que as provas tenham passado do período da manhã para o da tarde. Ele acredita que isso garante mais tranquilidade para o candidato. O vestibulando dorme melhor, não fica preocupado por ter de acordar cedo e tem a manhã para se preparar, sem correrias.
Prioridade
Além de ir para o segundo vestibular da UFRGS, Pedro Henrique, do cursinho Solução Vestibulares, participou das duas últimas edições do Enem. Ele não vê problema na proximidade entre os dois exames:
- Assusta um pouco, porque tu sais do Enem e já tens a UFRGS. Mas a impressão é de ser uma mudança boa, uma coisa mais rápida, mais fluida. E para a gente, que se prepara desde o início do ano, o foco vai ser UFRGS, porque quem estuda para a UFRGS, que tem uma prova mais aprofundada, consequentemente já está estudando para o Enem. Além disso, a gente passa o Natal mais tranquilo.
Outra veterana de UFRGS (terceira vez) e Enem (quatro vezes), Rafaela Sonntag, 19 anos, postulante a uma vaga em Medicina Veterinária, também aprova as mudanças no vestibular da federal. Ela começou o ano fazendo cursinho online e depois passou para aulas presenciais no curso Peso 3. Acredita que o preparo valeu tanto para Enem quanto para UFRGS, já que as matérias cobradas são parecidas:
- Particularmente, gostei, porque o ano do vestibulando é exaustivo. Terminar em janeiro tornava esse período mais cansativo ainda. Muitas vezes, passava Natal e Ano-Novo apreensiva com a prova. Não era bom.
Rafaela conta que, nos vestibulares anteriores, chegou ao terceiro dia já cansada, o que a faz aplaudir a divisão em dois fins de semana. Também gostou do horário da tarde. - Não precisa sair tão cedo de casa - diz a vestibulanda.
ITAMAR MELO E ISABELLA SANDER
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