25 DE NOVEMBRO DE 2019
DAVID COIMBRA
A punição do populismo
O governador do Rio, Wilson Witzel, permitiu-se o ridículo de se ajoelhar diante de Gabigol para lhe puxar o saco depois da final de Lima. Gabigol, com asco visível, ofereceu-lhe uma mão mole, só para não ser mal-educado, e depois se afastou sem nem olhar para trás. Witzel ficou com os joelhos na grama, sorrindo um sorriso patético.
Não sei qual é a opinião política do Gabigol, mas adorei a cena. Adoraria se fosse com qualquer outro político. É bom ver o populismo sendo desprezado pelo povo.
A suprema burrice
Que vergonha. Que escândalo. Que suprema burrice essa fórmula de pontos corridos do Campeonato Brasileiro.
Como é que pode pessoas com nível mediano de inteligência não perceberem como essa fórmula é antientretenimento, antiespetáculo e, sobretudo, antifutebol? Sim, mais do que qualquer outra coisa, essa fórmula é uma afronta à própria natureza do futebol.
Futebol foi o que aconteceu no sábado. Durante 88 minutos, o River Plate controlou o jogo, foi melhor do que o Flamengo e poderia ter feito mais três ou quatro gols até com certa facilidade. Se, no futebol, desempenho valesse pontos, o River seria o campeão. Mas não é assim que funciona. Porque o futebol é como a vida, irregular, incerta, atrapalhada, colorida pelo imponderável.
Menos de dois minutos antes do final, o imponderável se manifestou pelo talento de Gabigol, e o Flamengo venceu.
E aí preciso admitir que o imponderável não é tão imponderável assim se houver planejamento. Porque o Flamengo tem o que todo time vencedor precisa ter: centroavante e goleiro. O goleiro evita o imponderável contra o seu time; o centroavante promove o imponderável a favor.
Então, o Flamengo foi campeão no sábado e sua torcida festejou como jamais havia festejado um título.
No domingo, depois de o torcedor estar empanzinado com aquele lauto jantar, com aquele banquete copioso, que é uma finalíssima de campeonato, veio o cafezinho meio frio, meio sem graça: a conquista do Brasileirão sem nem ter entrado em campo.
E assim, mais uma vez, porque assim tem sido sempre, o Campeonato Brasileiro terminou em melancolia, sem emoção e sem sabor. Um jogo de escova seria mais interessante.
Como é possível alguém defender tamanha burrice? Burrice, burrice, suprema burrice!
Eu avisei
Na sexta, no Sala de Redação, avisei: o Flamengo, até então, só havia enfrentado times muito fracos. Donde, a sua superioridade. Mesmo o Grêmio, que é um pouco melhor do que todos os outros, foi enfraquecido pela teimosia do seu treinador no confronto com o Flamengo. Mas na decisão contra o River as dificuldades seriam maiores.
Foram. O River amassou o Flamengo. Não porque tenha melhores jogadores, mas por ter melhor técnico.
Jorge Jesus é ótimo de tática, mas Gallardo é melhor de estratégia. Só que, claro, às vezes, o talento individual desmonta qualquer estratégia coletiva. No futebol, o que conta é esse personagem nem sempre coerente, nem sempre previsível, nem sempre compreensível: o ser humano.
DAVID COIMBRA
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