sexta-feira, 22 de novembro de 2019



22 DE NOVEMBRO DE 2019
+ ECONOMIA

Uma boa hora para renegociar dívidas

Não tem qualquer relação com a proposta de "limpar o nome" dos brasileiros feita pelo ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT). Mas saiu, enfim, um plano ambicioso de revisão das dívidas no Brasil. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e o Banco Central (BC), anunciaram um mutirão de renegociação de 2 a 6 de dezembro. Todos os grandes participam - Banrisul, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú e Santander.

Claíse Rauber diretora de produto, segmentos e canais digitais do Banrisul, prevê que as condições serão definidas na próxima semana. Adianta que haverá desconto sobre o total da dívida e nos juros. As agências que terão horário estendido serão a Central, e as dos shoppings Total e Praia de Belas.

Na véspera, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) haviam publicado pesquisa mostrando que o número de contas em atraso cresceu 1,58% em outubro, em relação ao mesmo mês de 2018. Apontou que a maior parte da inadimplência (53%) é com instituições financeiras.

Renegociar dívidas com clientes não é favor das instituições financeiras. Embora o grosso das pendências seja de empresas, todo crédito sem perspectiva de quitação vai parar em uma conta chamada "provisão para créditos de liquidação duvidosa". Isso afeta o resultado dos bancos e, portanto, a valorização de suas ações no mercado. Portanto, não se trata de bom-mocismo. É interesse, mesmo. Do ponto de vista de quem deve, a inclusão nos cadastros negativos é um pesadelo. Além de tirar o sono, barra o acesso ao crédito e impede o consumo de bens de valor um pouco mais elevado. Trocar eletrodomésticos, por exemplo, torna-se inviável.

A renegociação interessa até a quem ainda consegue manter as contas em dia. O atraso dos demais também é incluído na sua conta. A inadimplência elevada é uma das justificativas usadas pelos bancos para tentar explicar as taxas escandalosas dos juros do cartão de crédito e do cheque especial. Por tudo isso, a revisão das dívidas interessa a todos os brasileiros. É outro fator com poder de ajudar a destravar a economia. Desde que não seja um faz-de-conta.

Um fundo nacional para o canabidiol

Investir no mercado relacionado a cannabis, que cresce no Exterior, ainda é proibido no Brasil. No entanto, Investidores locais interessados nos ganhos que a planta pode render têm alternativa. A gestora virtual Vitreo, de São Paulo, lançou o primeiro fundo temático do Brasil, o Vitreo Canabidiol. Um dos sócios da empresa é Paulo Lemann, filho do bilionário Jorge Paulo Lemann. Permite a participantes investir em empresas estrangeiras que atuam em biotecnologia, medicamentos e cosméticos. São projetos com ações nas bolsas de Estados Unidos e Canadá.

- Vimos oportunidade de criar uma ponte entre os brasileiros e esse mercado sem que precisem abrir conta no Exterior - detalhou à coluna o sócio e chefe de gestão, George Wachsman.

O fundo começou restrito a investidores com no mínimo R$ 1 milhão em aplicações. Diante da procura de interessados com menos dinheiro disponível, a Vitreo passou a oferecer nesta semana o Canabidiol Light. É um fundo de cotas no qual um quinto do valor aplicado vai para ações de empresas que usam maconha como matéria-prima. O restante para um fundo DI da corretora.

Empresa tem R$ 80 milhões para comprar concorrentes

Seis meses depois da compra de 49% do CCG (Centro Clínico Gaúcho) pelo fundo de investimentos Kinea, ligado ao Grupo Itaú, o investimento de R$ 180 milhões começa a dar frutos. Na próxima terça-feira, começa a funcionar a central de pronto atendimento clínico e pediátrico da zona sul de Porto Alegre. Com área de 570 m² e capacidade para atender 8 mil usuários por mês, a unidade marca o novo padrão visual das clínicas e novo perfil de atendimento "resolutivo". A ideia é evitar que pacientes tenham de ir a outros locais para complementar o diagnóstico. Vai funcionar de 8h às 20h, de segunda a sexta, e das 10h às 18h nos fins de semana.

Mauro Borges, diretor-executivo de operações do CCG, que assumiu em julho, avisa que buscará clientes nas classes A e B. Até agora, estava mais centrado em D e E. Para isso, vai aplicar recursos para qualificar o serviço prestado.

- São produtos que estão no forno e devem sair no início do próximo ano - diz Borges.

A meta da nova gestão é dobrar de tamanho em dois anos. O CCG tem atualmente 184 mil clientes e 21 unidades de atendimento, incluindo a nova. Para isso, há R$ 80 milhões reservados para aquisições. A coluna quis saber qual é o foco.

- Todas as operadoras de saúde do Rio Grande do Sul - respondeu Borges.

Também vai ampliar a área atendida, hoje concentrada na Região Metropolitana. Abrirá unidades próprias em Bagé, Santa Maria, Cruz Alta e Novo Hamburgo (onde hoje opera com terceiros) até janeiro de 2020.

A maior mudança trazida pela completa reestruturação da governança é de conceito, explica Borges. Sai do modelo americano, de remuneração por serviço, para o inglês, de medicina de valor. Isso significa acompanhar os clientes de perto, com ações preventivas, para reduzir desperdícios, estimados de 35% a 40% no segmento.

R$ 1.463,55
é o valor médio do aluguel de apartamento em Porto Alegre, conforme levantamento da imobiliária virtual Quinto Andar.Entre oito capitais brasileiras pesquisadas, é o sexto mais alto. O tamanho médio das unidades é de 90,5 metros quadrados.

Luz no celular

Com o lançamento de uma nova linha de sensores de presença para iluminação, a gaúcha Exatron triplicou sua produção diária. O novo produto tem tecnologia inédita, que permite comandar funções pelo smartphone.

É utilizado em corredores de prédios, garagens e ambientes internos. Com o app Xcontrol, disponível sem custo para Android e iOS, é possível acionar a iluminação do celular. A automatização dos processos da indústria gaúcha reduziu o tempo de montagem em 35%.

PIB no monitor

O otimismo sobre o ritmo da economia no final do ano anda em alta, com bons resultados no varejo, nos serviços e no Indicador de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central. Ontem, porém, a Fundação Getulio Vargas (FGV) anunciou um pouco animado Monitor do PIB para o terceiro trimestre. Em relação ao período anterior, aponta magro avanço de 0,1%; Apostas de economistas situam esse dado em 0,4%. Ante igual período de 2018, porém, a FGV estima alta de 0,9%.

Diante de revisões anunciadas pelo IBGE, a FGV refez projeções de seu indicador (no gráfico acima, ante igual período do ano anterior) e as comparou com os resultados oficiais do IBGE. Como se vê, a entidade parece otimista diante dos dados reais. Mas se o conjunto de dados, desta vez, parece conservador, há pelo menos uma ótima notícia: o indicador de investimento, chamado Formação Bruta de Capital Fixo, cresceu 2,5% no terceiro trimestre ante mesmo período de 2018.

MARTA SFREDO

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