sábado, 23 de novembro de 2019


23 DE NOVEMBRO DE 2019
RODRIGO CONSTANTINO

Inversão de valores


A mídia costuma ter implicância com a direita em geral e Bolsonaro em particular, e isso leva a muitas reportagens distorcidas. Essa postura é ruim, pois, acima de tudo, gera perda de credibilidade do trabalho jornalístico da imprensa, que é fundamental para a democracia. Ou seja, as críticas legítimas e os fatos incômodos importantes se perdem em meio a polêmicas desnecessárias e picuinhas lamentáveis.

Recentemente tivemos um exemplo claro dessa má vontade. A Folha de S. Paulo estampou a seguinte manchete: "Indicado por Eduardo Bolsonaro, empresário Gustavo Corrêa matou fã de Hickmann em hotel de Belo Horizonte após emboscada". O leitor deve lembrar do caso: um maluco foi armado para o hotel e fez Ana Hickmann sua refém. O cunhado da modelo conseguiu desarmar o sujeito e, após briga, acabou matando-o em legítima defesa. Um herói que salvou sua família, sendo que sua mulher ainda levou um tiro.

A chamada do jornal consegue distorcer toda a verdade e dá a entender que o filho do presidente indicou para receber uma honraria um assassino frio e calculista, que matou o fã de uma modelo numa emboscada. Alguém imagina tratamento igual em se tratando de um esquerdista?

Também nos últimos dias, vimos no UOL um texto cujo título expunha seu sensacionalismo: "Quase metade das ações policiais no Rio de Janeiro teve vítimas". Vítimas? Quando lemos o artigo, descobrimos que não são inocentes mortos em operações policiais, mas, sim, os próprios bandidos! A autora condena a ação policial, chama bandido de vítima, e ainda rechaça a tese de que o maior confronto policial foi responsável pela queda de 22% nos homicídios até agosto deste ano. Vamos combater traficantes com rosas?

Uma imprensa dominada por essa mentalidade "progressista" vai continuar perdendo público, pois há um abismo entre a visão de mundo desses jornalistas e do povo em geral. Para o povo, o cunhado da modelo é um herói e os marginais são os vilões; para parte da mídia, é justamente o contrário. São valores invertidos, que explicam as eleições de Bolsonaro e Witzel de um lado, e o desespero nas redações dos jornais do outro.

RODRIGO CONSTANTINO

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