29 DE NOVEMBRO DE 2019
OPINIÃO DA RBS
UM SALTO NO SANEAMENTO
Um passo histórico rumo a uma melhor qualidade de vida, com benefícios ambientais e para a saúde de quase 1,5 milhão de moradores da Região Metropolitana. É como merece ser definida a cerimônia de abertura das propostas da Parceria Público-Privada (PPP) da Corsan, na manhã de hoje, na B3, em São Paulo. Três empresas apresentaram propostas e a vencedora será a que oferecer o menor preço unitário por metro cúbico de esgoto faturado.
O projeto grandioso promete revolucionar o saneamento nos nove municípios envolvidos na iniciativa. Muitos têm hoje índices de coleta e tratamento de esgoto que remetem aos mais baixos níveis de desenvolvimento e, com a PPP, a meta ambiciosa é elevar o percentual a 87% até 2030.
Se a infraestrutura brasileira já é considerada carente, o quadro é ainda mais perverso no saneamento, com prejuízos maiores exatamente às populações mais humildes das periferias. Poucos setores precisam de recursos tão vultuosos, uma lacuna que pode e deve ser preenchida pelo capital privado. As companhias públicas da área, como a Corsan, não contam hoje com os montantes que seriam necessários para tamanho desafio. A PPP da Região Metropolitana vai movimentar R$ 2,2 bilhões em obras, com a previsão de gerar mais de 30 mil empregos, somando as vagas criadas durante a construção - uma dádiva em tempos de economia debilitada e mercado de trabalho claudicante - e ao longo da operação, nos 35 anos de contrato.
O cronograma original do projeto, é bom lembrar, está atrasado em ao menos dois anos devido à espera para quebrar as naturais resistências ao novo e para o projeto ser aprovado por todos os municípios - Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Sapucaia do Sul e Viamão. Deve-se ter todo o zelo no processo, daqui para a frente, para que os prazos não mais se dilatem. Devido a aspectos como a relevância e o pioneirismo, como a primeira PPP de grande vulto no Estado, é desejável que as obras transcorram sem grandes embaraços. Assim, pode inspirar outras.
Repete-se que uma das razões de o saneamento não receber a merecida a atenção seria a crença de que enterrar canos não rende voto. Como se obras escondidas não sensibilizassem eleitores e a população não percebesse os seus benefícios. Um pensamento anacrônico que deve, este sim, ser sepultado. Saneamento de qualidade significa proteger mananciais da poluição. É ainda um dos sustentáculos de populações sadias, com efeitos positivos na redução da mortalidade infantil e diminuição de índices de doenças relacionadas à má qualidade da água e à falta de coleta de esgoto. É consagrado o cálculo de que, a cada R$ 1 aplicado em saneamento, são poupados R$ 4 em saúde. Qual investimento pode render mais?
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