sexta-feira, 22 de novembro de 2019



22 DE NOVEMBRO DE 2019
PROGRAMA PARA O DOMINGO

Lições sobre duas rodas na Capital

Quem passa pelo GinásioTesourinha no último domingo de cada mês vê uma aglomeração de pessoas e bicicletas. São instrutores voluntários que atendem um público com mais de 14 anos que tem um desejo simples: andar de bicicleta. A atividade está prevista para este domingo, caso não chova, a partir das 9h.

Não é difícil achar pessoas que ainda não sabem pedalar. A ciclista e voluntária da ONG Bike Anjo Tássia Furtado, 35 anos, aponta alguns possíveis fatores, como a questão de exigir investimento e, até pouco tempo, ser considerado "brinquedo de menino". Atualmente, com os sistemas de equipamentos compartilhados, pedalar se tornou mais acessível e, também, um estilo de vida.

Foi justamente esse estilo que motivou a iniciativa da qual Tássia faz parte. Fundado em 2011, em São Paulo, o projeto, no início, conectava pessoas que já sabiam andar de bicicleta, mas queriam aprender a pedalar no trânsito, com voluntários que já tinham mais experiência como ciclistas. Aos poucos, a rede foi se expandindo até chegar a Porto Alegre.

Para o voluntário Bernardo Pereira, a motivação para participar do projeto é aumentar o número de ciclistas na rua, oferecendo à população forma alternativa de transporte. Integrante da Escolinha do Bike Anjo (EBA) desde 2016, relata que a maioria dos alunos é de mulheres com mais de 50 anos.

Há três anos na ONG, Bernardo não esquece o dia em que uma senhora chegou com o marido na frente do ginásio, na Avenida Erico Verissimo. O homem que levou a esposa tirou a bicicleta do porta-malas e foi embora. Quando foi pedir ajuda, ela contou que havia sido deixada ali com a condição de que voltasse pedalando até o bairro Partenon, onde mora.

- Foi uma manhã cansativa e trabalhosa. Ela chegou antes de nós e saiu de lá ao meio-dia. Mais tarde, enviou mensagem dizendo que chegou bem em casa - conta ele.

O estudante de publicidade e propaganda Welington Félix até tentou aprender a pedalar antes, mas o nervosismo o impedia. Depois de um amigo indicar o Bike Anjo, decidiu participar de um dos encontros. Foi no EBA que, com 27 anos, conseguiu pela primeira vez sentir o vento no rosto enquanto segurava o guidão. Agora, pretende participar de outros encontros para aprender a se locomover no trânsito, e tem interesse também em se tornar voluntário na ONG, presente hoje em 36 países.

- Foi uma baita experiência. Tinha muito medo do julgamento, mas cheguei lá e vi muitas pessoas na mesma situação que eu, querendo aprender - relata ele.

Grátis

O Bike Anjo ganhou força com a parceria da Tembici, empresa responsável pelas operações do BikePOA. Os alunos que aprendem a pedalar com a ONG utilizam, de graça, as bikes laranjas do sistema.

- Eles não precisam comprar bicicleta para treinar ou se deslocar, isso facilita muito - conta Tássia.

O Bike Anjo não auxilia menores de 14 anos por não ter bicicletas pequenas, mas ensina os pais a ajudar os filhos na hora de ganhar confiança sobre as duas rodas. Bernardo conta que o importante é entregar à cidade mais ciclistas e mostrar ao poder público a importância de investir nas ciclovias e na sinalização de vias, além de deixar esse meio de transporte mais visível e protegido no trânsito.

Produção: Raíssa de Avila

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