09 DE NOVEMBRO DE 2019
CARPINEJAR
O momento de discutir
Até para discutir, você deve escolher o momento.
Mesmo que tenha razão, nem toda hora é hora, nem todo lugar é lugar.
A conversa não vai desaparecer por não colocá-la em prática quando sentiu o incômodo. Não pare a sua vida, não boicote os seus prazeres, dramatizando o problema com beiço e silêncio.
Arrastar a dor estraga as roupas das lembranças. Guarde-se para a privacidade, para a liberdade da intimidade, para o olhar discreto dentro de casa, com objetivo de não incluir estranhos em um assunto que só diz respeito a sua relação.
É constrangedor estragar a alegria de sua companhia como forma de impor um castigo. Às vezes, não se quer um perdão ou um esclarecimento, e sim fazer com que o par sofra a mesma angústia e suspense experimentados em segredo.
O barraco e a gritaria não servem para nada, a não ser chamar atenção exagerada para a sua grosseria.
O que adianta demonstrar que os erros têm um alto preço a pagar anulando a própria noção de respeito? Não brigue numa festa, renunciando à dança e à diversão, emparedado num canto durante a Lua cheia cobrando satisfações. Vocês irão fazer as pazes em seguida e jamais recuperar aquele instante mágico de fruição.
Não brigue num show, com os pensamentos repetitivos da obsessão, desperdiçando o ingresso que adquiriu com planejamento e expectativa. Não brigue com a família reunida, envolvendo sogros e irmãos, acentuando a gravidade de impasses que poderiam ser solucionados com um abraço a sós e palavras doces de retratação.
Não brigue num jantar com amigos, eles perderão o apetite com o seu espetáculo de indiretas e ironias. Não é justo competir a noite inteira para dar um recado ou uma lição, à revelia das testemunhas inocentes na mesa.
Não aumente o desespero criando um circo público. Os desentendimentos crescem com a falta de educação e geram rupturas piores do que o motivo do estremecimento.
Dê uma trégua a si para raciocinar melhor. O coração tem pressa para resolver, nem sempre se mostra certo e com bons modos. A ansiedade confunde a importância de ser ouvido com a urgência de falar. Você pode estar preparado para falar, mas a outra pessoa ainda não estar pronta para escutar.
A solução do atrito será sempre a convergência desses dois tempos. A pontualidade costuma trazer entendimento.
CARPINEJAR
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