02 de janeiro de 2016 | N° 18402
NÍLSON SOUZA
FELIZ DIA NOVO
O ano bissexto já virou a esquina do primeiro dia e segue lépido e faceiro para mais 365, contando este sábado ensolarado ou chuvoso, quente ou frio, dependendo do lugar do planeta em que você me lê. O calendário é só uma convenção, todos sabemos, mas os dias e noites são reais e ditam o ritmo da vida. Contamos em anos para a nossa existência parecer mais longa, mas a verdade é que cada dia deveria ser saudado como uma bênção e uma oportunidade. É excitante pensar que o dia de hoje nunca existiu, é novo, exclusivo, podemos fazer dele o que quisermos.
Carpe diem, escreveu em latim o filósofo e poeta Horácio, que viveu antes de Cristo. A frase completa do poema é “carpe diem quam minimum credula postero”, algo assim como “aproveite o dia quanto menos confia no amanhã”. O amanhã é um sonho. Podemos imaginar o amanhã, podemos planejar o amanhã, talvez possamos até mesmo construir o amanhã, mas não sabemos o que o dia seguinte nos reserva. Fiquemos, portanto, com o hoje. Como torná-lo um dia feliz?
– Com sorrisos! – assopra o grilo falante das boas intenções, que ocupa meu ombro esquerdo desde que nasci num ano bissexto do século passado. (Contar em séculos amplia ainda mais a existência.)
– Rir de que, numa hora dessas? – contrapõe o mal-humorado capetinha do ombro direito.
Recorro à ciência para dirimir a dúvida. Estudos divulgados pela revista Superinteressante na reportagem O Poder do Sorriso, de 2013, sugerem que os movimentos musculares da face na hora do sorriso ajudam a baixar a temperatura do cérebro e proporcionam bem-estar espiritual. Além de proteger o equilíbrio físico e mental, o sorriso suaviza debates e deixa a impressão de que estamos em sintonia com o nosso interlocutor, o que ajuda a desarmá-lo. Ponto para o grilo do bem.
Sorriso atrai sorriso, assim como gentileza gera gentileza. Quanto mais espontâneo, mais eficiente. O sorriso integral, segundo os neurobiólogos, envolve 28 músculos, inclusive o orbicular. Pode-se sorrir com os olhos. Um psiquiatra francês citado na reportagem mencionou de forma poética o movimento da região ocular: “É a pequena nota muscular que dá sentido à melodia”.
O sorriso, portanto, é uma canção silenciosa que se ouve com os olhos e o coração. (Olha eu poetando também). Tudo o que quero dizer, neste primeiro texto do ano olímpico, é que podemos tornar nossos dias mais agradáveis e até mais felizes com esse gesto simples. Tente. Experimente.
Feliz dia novo.
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