quarta-feira, 2 de abril de 2014


02 de abril de 2014 | N° 17751
PAULO SANT’ANA

Maconha no bodoque

Um homem foi preso ontem pela manhã traficando maconha para dentro do Presídio Central por um estranho método: atirava o pacotinho de maconha por cima do muro com arremessos de estilingue.

Amarrava um pacotinho de maconha, usava o bodoque e o enviava por cima do muro do Presídio Central, certamente para um detento que o recebia lá dentro.

Quantos pacotinhos de maconha já terão sido enviados para a prisão por esse homem?

Vários pacotinhos de maconha formam, de repente, um quilo. E vários homens arremessando pacotinhos de maconha para dentro do presídio somam uma tonelada. Só para imaginar, calculo a soma eficiente desse estratagema. Uma tonelada de maconha pode ser enviada sobre o muro do presídio em menos de um ano, depende da frequência e habitualidade do método.

Agora mesmo, em São Paulo um drone mandou para dentro do pátio do Centro de Detenção Provisória de São José dos Campos 250g de maconha. A pequena aeronave despejou a maconha no quintal do presídio e foi embora. Um grupo de presos recolheu às pressas a encomenda, mas foram vistos por agentes penitenciários e a droga foi apreendida.

O leitor sabe o que é um drone? É um mini-helicóptero direcionado a um destino por controle remoto. Esses dias, houve aqui na RBS uma demonstração dessa aeronave espetacular.

Quantos drones já levaram que quantidade de maconha para esse presídio e outros tantos estabelecimentos prisionais em São Paulo e no país?

É impressionante a imaginação dos maconheiros prisionais para engendrar o tráfico de drogas.

Certa vez, Zero Hora noticiou que certos detentos do Presídio Central utilizavam de pombos-correio para transportar maconha e outras drogas para dentro da prisão.

É uma engenhosidade digna de admiração. Dura muitos meses o treinamento de pombos-correio.

As várias formas de driblar a lei e introduzir drogas no presídio transpõem os códigos de imaginação mais fértil.

Chego a pensar que fumar maconha ou consumir qualquer outra droga é muito mais fácil dentro do presídio do que aqui nas ruas.

Esse homem que foi preso ontem pela manhã arremessando bodocaços para dentro do pátio do Presídio Central será o único que se especializou nessa prática? Certamente não, por isso é que se torna espantoso para a opinião pública que se consuma tanta droga na prisão, um local que tinha de ser severamente vigiado.

Que nada! Não há o que a inteligência humana não invente para burlar a lei.


Já se disse que a prisão humana pode prender o corpo do preso, mas não consegue vigiar ou blindar a sua inteligência.

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