11
de novembro de 2013 | N° 17611
PAULO
SANT’ANA
Quebra-nozes
A
mais espetacular cena a que assisti na televisão, em todos os incontáveis
programas sobre a vida animal que já pude ver, foi aquela em que no âmago da
selva africana um grupo de macacos comia nozes, descascando-as após quebrá-las
contra uma pedra maior com golpes de uma pedra menor.
Os
macacos, de modo simultâneo, batiam com pedras nas nozes que iam de encontro às
pedras grandes e assim as descascavam e a seguir as comiam.
Fantástico!
Pareceu-me evidente que nenhum outro ser vivo de outra raça, inclusive os
humanos, havia ensinado aqueles macacos a comer nozes daquele modo engenhoso.
Pura
intuição animal. Eu diria ainda mais: pura inteligência animal. Ali naquele
instante, decidi meditar que, ao contrário da teoria oficial, que dita que os
animais não possuem inteligência, mas somente instinto, os animais – ou certos
animais – possuem, sim, inteligência.
Já o
homem construiu um aparelhinho destinado a quebrar nozes. Esmigalham as nozes
com uma tenaz com duas manoplas acionadas uma contra a outra.
Sem
esse aparelho, os homens quebram nozes com várias manobras artesanais, alguns
de dentes mais fortes as trincam na boca, havendo o perigo de quebrar os dentes.
Mas
me intrigou profundamente que aqueles macacos que vi na televisão quebrarem
aquelas nozes tivessem bolado o raciocínio, talvez em progresso que atingiram
durante milhões de anos de experiências, de quebrar as nozes chocando duas
pedras, uma servindo de martelo, outra de base para o choque.
Outra
vez, também na televisão, vi mais uma cena inacreditável: imitando uma anedota
célebre, vários macacos selvagens se dirigiram para um rio e, notando que havia
piranhas na água, usaram canudinhos para beber o líquido em segurança.
Fenomenal.
Sempre assisto ao Animal Planet, programa do canal 69 da Net.
Outra
vez, quase caí da cama: vi um leão trazer para sua fêmea, que estava esquálida
e já morrendo, sem poder mover-se, água dentro de uma casca de coco que ele
achou em meio à selva.
Aquele
leão deve ter abocanhado delicadamente aquela casca de coco e a empinado numa
cacimba ou num córrego, encheu-a e foi prestar o último socorro à leoa que deve
ter-lhe dado filhos para a propagação da espécie.
Antes
de morrer, a leoa obteve de seu macho aquele derradeiro auxílio para matar a
sua última sede. Magistral.
Finalmente,
muito obrigado ao Internacional por ter vencido o Botafogo. Se o Grêmio não se
ajuda, fico grato pela mãozinha de ontem.
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