sexta-feira, 9 de julho de 2010

Pode a amizade superar os erros do passado?

Divulgação/JC

Pode a amizade superar os erros do passado? É possível virar uma página que está cheia de tragédias? As escolhas antigas deveriam realmente nos obrigar a renegar os ideais de ontem?

Estas e outras perguntas se aplicam com perfeição à densa e pungente narrativa do romance O fim de semana, do consagrado escritor e professor alemão Bernhard Schlink, autor dos best-sellers O leitor, O outro e

A volta para casa, entre outros, todos publicados no Brasil pela Record, sendo que os dois primeiros foram levados ao cinema com grande sucesso e o filme baseado no primeiro foi estrelado por Kate Winslet e Ralph Fiennes e recebeu o Globo de Ouro e um Oscar. Schlink é professor de direito e filosofia da Universidade Humboldt de Berlim desde 1996.

Em O fim de semana, a história gira em torno de Jörg, antigo integrante da Fração do Exército Vermelho, que recebe o indulto pela acusação de terrorismo depois de passar 24 anos na prisão.

Christiane, sua irmã, reúne os amigos e organiza uma festa de boas-vindas em sua casa de campo. Jörg fora acusado de cometer quatro homicídios durante os anos de protesto e a ideia da irmã foi comemorar a libertação do irmão, reunindo companheiros que 20 anos atrás nutriam ideais revolucionários. No momento eles estão mais interessados em garantir suas posições na sociedade.

Todos agora têm empregos estáveis e uma posição de respeito na sociedade. Henner tornou-se jornalista; Andréas, advogado; Ulrich, empresário; Karin é pastora; e Ilse, professora. Também está no encontro Marko, um simpatizante atual do movimento revolucionário.

Christiane esperava um clima de tranquilidade, mas a distância que o tempo colocou entre os amigos gerou muita tensão no fim de semana. Questões como responsabilidade, culpa e perdão persistem e fervilham na mente de todos. Além de enfrentar os fantasmas e atos do passasdo, Jörg ainda tem de lidar com Ferdinand, seu filho rebelde, e com as sutis insinuações de Marko para que ele volte a integrar o movimento revolucionário.

A casa de campo onde os velhos companheiros se reúnem se transforma em um ambiente claustrofóbico e numa espécie de tribunal, onde o autor do livro, Schlink, atua como um juiz.

Como se vê, mais uma vez Bernhard Schlink lida com competência narrativa sobre temas atuais como a busca de identidade, as questões políticas e os conflitos passados que teimam em frequentar o presente. Editora Record, tradução de Kristina Michahelles, 256 páginas,

mdireto@record.com.br - Jaime Cimenti.

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