quarta-feira, 28 de julho de 2010



28 de julho de 2010 | N° 16410
JOSÉ PEDRO GOULART


Circo dos famosos

É domingo. De manhã, Felipe Massa acata prontamente o sinal da equipe para que dê licença ao colega de trabalho. Depois, no pódio, faz cara de bebê/Barrichello/desmamado.

Direto da minha célula de sobrevivência, a poltrona da sala, testemunho aquele embuste em HD. Queria eu o quê? Um jogo limpo? Quantos naquela situação, com as fraldas cheias de dólares, fariam diferente?

Volta aqui, capeta
Devolve minha bravura,
meu revólver, minha espoleta!

“Devolvo não, ultrapassado.
Sua alma eu possuo
É um bem negociado!”

À tarde, chuva, quentão, Domingão e o Fausto, agora sob nova silhueta. A empáfia do martelo, com a profundidade da cabeça do prego, na dança com os famosos.

Foi então que Carlinhos de Jesus – professor, colaborador, pesquisador, jurado – tropeçou no verbo: “Houveram alguns deslizes”. Em seguida ele sugeriu que nas próximas edições do quadro fossem acrescentadas mais danças brasileiras. Opa! Mexeu com os brios do martelo.

Ah, o orgulho. O orgulho “que almoça a vaidade e janta o desprezo”, o orgulho “que a si próprio devora”. O orgulho que “não é grandeza, mas inchaço”. (Quer mais frases sobre orgulho? Dê, como eu, um Google na palavra e ainda descubra os autores das aspas prévias).

Compelido pelo orgulho, o Big Fausto quase apertou o botão ejetor da poltrona do jurado. E arrematou: “Sempre há deslizes, seja no português, seja na dança...”. Toma, De Jesus! Quem mandou sair do script.

Ah, a arrogância (dê um Go­ogle). Ao final do programa, o apresentador ainda teve fôlego para brindar a todos, milhões de infantes e infantilizados (como eu), em rede nacional. Raivoso, deu uma instrução a um sujeito que havia tirado uma informação da tela: “Bota de novo, ô imbecil!”.

É domingo: circo e alegria!

Crianças na sala, o tio surdo,
a avó torta.
Quem manda, está de olho no ibope.
Quem obedece não se importa.

Prá quê coragem, resistência ou cortesia?
Se é domingo, e é tudo fantasia?

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