sexta-feira, 16 de julho de 2010



FF e BV

Sim, eu sei bem que as relações familiares, sociais e interpessoais mudaram muito, que conceitos sobre amizade, namoro, parentesco, relação de trabalho, noivado e casamento estão diferentes, de contornos meio indefinidos, como diria algum cronista metido a pós-moderno. Sei que hoje o maior, mais duradouro e mais importante relacionamento é, talvez, o relacionamento da pessoa com ela mesma e com o seu trabalho, quando isso é possível. Tem gente que não se gosta muito ou discorda muito de si mesmo, né?

Parece que amor eterno hoje é só o amor-próprio. Menos, não? Não quero ser tão pessimista. Tenho uma filha de quinze e outra de vinte, sou casado há vinte e nove anos e vivo mais ou menos em sociedade, tentando fazer o que a Madre Teresa de Calcutá aconselhou: quando te aproximas de alguém, é melhor sair dali melhor do que quando chegaste. Não é fácil, eu sei. Nem para mim, nem para os outros.

O inferno não somos nós nem os outros, o inferno é o que tantas vezes está no meio. Ainda aposto na educação, na delicadeza, na harmonia, na amizade e no amor. Ah, o título desta crônica: FF. Na linguagem da galera jovem quer dizer ficante fixo.

Esses dias uma adolescente perguntou para uma amiga sobre o Nando. “Ele é meu FF, ficante fixo”, respondeu candidamente a menina. Ficante fixo. Eu ainda pensava que ficar era quando não era nada fixo, que ficar fixo já seria rolo ou namoro, sei lá. Vai ver estou desatualizado, tenho de me ligar. Sou do tempo do flerte e da ondinha, dos brotinhos. Ficante fixo. Interessante essa nova (?) categoria.

A pessoa fica fixo mas não é nada fixo, sei lá. Compromisso sem compromisso. Acho que não é bem a mesma coisa que a antiga amizade colorida, pelo visto, mas não sei ainda. Bom, mas como disse o Vinicius, a vida é a arte do encontro e o importante é que as pessoas se comuniquem, se encontrem, por aí, no maior astral. Beleeeeezzzaaa!!! O importante é se relacionar legal, o nome da relação vem depois.

Ou não. Rótulo funciona mesmo em garrafa de veneno ou de remédio, porque aí a pessoa pode apressar a ida para o andar de cima. Quem não se comunica se trumbica, disse o grande pensador brasileiro Abelardo Barbosa, ele mesmo, o Chacrinha. Será que ele era ficante fixo de alguma chacrete? Será que alguma chacrete era BV, boca virgem?

Jaime Cimenti - Um lindo dia para vc - Um gostoso fim de semana

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