sábado, 10 de julho de 2010



11 de julho de 2010 | N° 16393
DAVID COIMBRA


As lições da África do Sul

Antes da Copa sul-africana começar, os colunistas da RBS já transitavam pelas ruas de Joanesburgo e das outras cidades que compuseram o cenário do Mundial 2010. O testemunho do que viram está traduzido nas avaliações que fazem sobre cinco temas, parte dos desafios que o Brasil terá de vencer para 2014

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Os sul-africanos fizeram o melhor que puderam para bem sediar a Copa do Mundo em 2010. Nem sempre foi o suficiente.

Muitos problemas eles não conseguiram solucionar, sobretudo os que não tinham solução. Três exemplos:

1. Os estádios. Alguns, como o de Durban e o Soccer City, são diamantes da arquitetura contemporânea. O Brasil nunca teve igual e duvido que algum dia tenha parecido. Mas outros, como o de Rustenburg e o próprio Ellis Park, são velhos, obsoletos, pouco confortáveis. Como TODOS os estádios brasileiros.

2. O trânsito. Uma cidade grande como Joanesburgo é dada a engarrafamentos. Como São Paulo e Rio de Janeiro. A Copa não resolveu o problema lá. Não resolverá aqui.

3. Acomodação. Certas cidades, como Port Elizabeth, não tinham capacidade para tanto jornalista e tanto turista. No jogo do Brasil, houve jornalistas que tiveram de se hospedar a 200 quilômetros de distância, pela falta absoluta de hotéis. Em algumas cidades brasileiras não será diferente.

Quer dizer: por mais que se trabalhe, o Brasil não se transformará em uma Alemanha em quatro anos. A África do Sul não conseguiu. O que o país conseguiu foi encantar o estrangeiro com o seu povo.

Os africanos são naturalmente simpáticos, prestativos, sorridentes e, o mais importante, nada belicosos. Todos estavam desinteressadamente interessados em ajudar. Digo desinteressadamente porque não havia segunda intenção por trás de gentilezas. Eles agiam assim porque SÃO assim.

Essa foi a cara da Copa de 2010. Esse foi o grande marketing da África do Sul. Esse foi o ganho para o país. Porque o país se mostrou sempre amistoso, sempre sorridente, sempre de bem com a vida.

Conseguirá o Brasil fazer igual? Conseguirá o brasileiro esquecer sua amargura diária e sorrir para um estrangeiro que lhe pede ajuda?

Isso é o mais difícil para o Brasil em 2014. Porque em quatro anos um país pode construir dois ou três estádios novos, pode reformar aeroportos, pode erguer hotéis do chão, pode rasgar estradas no campo. Só que, em quatro anos, um país não muda a educação de seu povo. Que tipo de brasileiro sediará a Copa de 2014? Que imagem o Brasil imprimirá no Exterior? Eis o mais difícil de responder. E de fazer.

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