quinta-feira, 14 de maio de 2009



O SENTIDO DA VIDA

Demorou. Mas encontrei o sentido da vida. Eu andava triste. Meus amigos já haviam descoberto o sentido da vida. Bem entendido, da vida deles. Descobrir o sentido da vida dos outros já é demais.

Cada um que se vire. Afinal, estamos no capitalismo selvagem, exceto para os grandes bancos e montadoras, cujo sentido da vida é não morrer graças à ajuda do Estado na hora das piores crises. Não vamos, porém, perder o foco. A questão é o sentido da vida.

Diogo Mainardi, por exemplo, descobriu o sentido da vida há quase sete anos. Diogo é um cara bonito, escreve bem, mora de frente para o mar, em Ipanema, no Rio de Janeiro, tem o dom da provocação e sabe fazer amigos e inimigos como todo bom jornalista. O sentido da vida do Diogo Mainardi é derrubar o Lulla.

Faz sentido. Da vida. Eu cheguei a pensar nisso como sentido para a minha vida. Pedi o impeachment do Lulla antes do Diogo. Teria sido justo. Virou pizza. Diogo jamais realizará o sentido da sua vida. Não faz mal.

O sentido da vida também é eterno enquanto dura: no máximo dois mandatos. No caso, intensos, cobertos de lama, sob o signo do mensalão e de outras maracutaias menos empolgantes, mas igualmente ilícitas. O meu sentido da vida, espero, será mais curto. O meu fôlego é menor.

Sempre tomo o atalho. Tenho pressa em ver o circo pegar fogo, a casa desabar, a orquestra desafinar, o lugar-comum se consagrar. O sentido da minha vida agora é a Yeda Crusius. Diogo quer derrubar o Lulla. Eu, como sou mais modesto e contemplativo, só quero ver a Yeda cair.

Diogo promete não descansar enquanto não derrubar o Lulla. Eu só descansarei quando a Yeda cair. De cada um conforme as suas forças. A cada um conforme as suas necessidades básicas. O Rio Grande do Sul não pode ficar atrás do Brasil. Nunca.

É assim desde o tempo do Império. Se o Brasil tem Lulla, PT e mensalão, o Rio Grande do Sul tem Yeda, tucanos e Detran. Se o Brasil tem o Diogo Mainardi, o Rio Grande do Sul tem a mim. A cada um conforme as suas (parcas) possibilidades. Não adianta reclamar. É o que temos.

Preciso ser justo. Pela primeira vez os tucanos gaúchos não teriam ficado em cima do muro. Teriam caído para o mesmo lado. O lado de sempre. O lado de todos. No mínimo, o lado do caixa 2, cuja modalidade atual foi inventada pelo PSDB de Minas Gerais. Já é uma clara tomada de posição, um alinhamento ao padrão nacional, um sinal de unidade na luta.

Diogo vive feliz. A sua vida tem sentido. Eu não moro na beira do mar. Não vejo diariamente as garotas de Ipanema. Não pretendo derrubar o presidente da República. Contento-me em ver cair uma governadora. Ela merece. Está muito bom para a minha bola. Nunca fui de pedir muito.

juremir@correiodopovo.com.br

Nenhum comentário: