Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
NADA DE VELHO NO FRONT
No último sábado, fomos ao teatro Túlio Piva, na Cidade Baixa, ver o espetáculo 'Estandarte do Samba'. Que maravilha! Tem samba da melhor qualidade no Rio Grande do Sul. Samba de negro, de alemão, de português e até de gaudério.
Eu já estava saindo da bainha para entrar naquela farra, me mexendo mais do que bolacha em boca de velho. Como sou muito sofisticado, tratei de me conter para não assustar a plateia. Na saída, num bar de esquina, virei filósofo.
Comecei a pensar sobre a serenidade. É uma questão profundamente filosófica desde o tempo dos gregos: o que é a serenidade? É viver num país onde nada nos surpreende e tudo se repete como as estações do ano. Quer dizer, as estações do ano já não são tão confiáveis assim. Mas o resto não sai do lugar.
Antes de ir para a noite, como aquecimento, eu havia lido a revista Veja. Mais uma denúncia de escândalo. A tal gravação com o bate-papo informal entre antigos colaboradores da governadora Yeda Crusius na qual os dois confessam ter feito algumas bobagens ilícitas. Terminei de ler sem me espantar e sem me indignar. Fiquei mais tranquilo ainda, ao tomar conhecimento da linha de defesa do governo gaúcho.
Tudo não passaria de coisa requentada. Aí está, esse é o ponto, tudo no Brasil é requentado. Podemos dormir tranquilos. Nossos piores e melhores momentos nunca passam de reprise. Somos a nação do remake.
Repetimos o rolo e a resposta ao rolo. Cada época tem a repetição que merece. Nelson Rodrigues falava em complexo de vira-lata. Nelson Rodrigues já era. Afinal, como ele mesmo dizia, toda unanimidade é burra.
Evoluímos do complexo de vira-lata para o complexo de Rubinho Barrichello. Quem sofre de complexo de Rubinho vive para repetir os seus fracassos como se fossem vitórias.
Os nossos políticos sofrem todos de complexo de Rubinho Barrichello. Respondem a escândalo com escândalo. Rebatem acusação com acusação. Repetem as mesmas desculpas como se fossem as únicas novidades disponíveis no mercado.
Mas o que é a serenidade mesmo? A serenidade é saber que eles nunca vão nos enganar. Serão sempre passados para trás, mas, em compensação, sempre nos passarão para trás.
É caixa 2 contra caixa 2, gravação contra gravação, desqualificação de denúncia por falta de prova contra desqualificação de denúncia por falta de prova, pedido de CPI contra pedido de CPI, pizza contra pizza e samba.
Nada de velho no front. O velho é sempre novo como um bom remake de filme que nunca foi grande coisa. Quem samba somos nós. E como é bom! Se a vida não é como um samba, meus amigos, então é como um bolero.
Mas o que é a serenidade? É a falta de prova. O que prova que uma prova é uma boa prova? Essa é a pergunta dos filósofos. Já temos a resposta. Collor foi absolvido. Não houve mensalão.
Marcelo Cavalcante apareceu boiando no lago Paranoá por acaso. Estava cansado de vida requentada. Até reforma política é requentada. Uma maneira de voltar para a República Velha. Serenidade é ter certeza de que o amanhã será como hoje e que hoje é como ontem. Afinal, somos iguais para curtir serenamente velhas novidades.
juremir@correiodopovo.com.br
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