quinta-feira, 14 de maio de 2009



14 de maio de 2009
N° 15969 - PAULO SANT’ANA


Apparício Torelly

era porto-alegrense e se notabilizou no século passado como o maior humorista de imprensa brasileiro.

Fundou o jornal A Manha para troçar com o jornal A Manhã. Seu jornal, certa vez, foi empastelado pela ditadura de Vargas, os agentes quebraram todas as máquinas, e Apparício, que usava o cognome de Barão de Itararé, foi espancado impiedosamente pela polícia política no recinto do seu jornal.

Depois de consertar os estragos, reabriu o seu jornal e colocou o seguinte cartaz na porta: “Entre sem bater”.

Antes de se consagrar como humorista de ditos célebres, Apparício foi estudante na Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

O professor Sarmento Leite, nome de rua em Porto Alegre, foi também diretor da Faculdade de Medicina.

Um dia, o professor Sarmento Leite estava submetendo a exame oral na faculdade exatamente a Apparício Torelly.

Fez umas 20 perguntas a Apparício, que não soube responder a nenhuma. “Você é um jumento, um asno”, vociferou o professor ao aluno.

Nesse mesmo instante, o professor Sarmento Leite solicitou a um garçom que entrara na sala: “Traga-me, por favor, dois quilos de alfafa num prato”.

E o grande repentista Apparício Torelly ajuntou: “E, para mim, só um cafezinho”.

Impossível assistir com indiferença ao imenso drama por que passa o vice-presidente da República, José Alencar.

Ele descobriu os seus primeiros tumores de câncer em 1997, há 12 anos. Retirou, então, o rim direito e dois terços do estômago.

Cinco anos depois, teve removido um tumor na próstata. Em julho de 2006, surgiu-lhe mais um tumor maligno no abdômen. Apesar de removido, quatro meses depois o foco reapareceu-lhe.

No ano seguinte, o vice-presidente foi operado novamente. E, um ano depois, o sarcoma voltou.

Para testar o seu bravo instinto de sobrevivência, no dia 25 de janeiro deste 2009, foi extraído da região posterior do abdômen (retroperitônio) de José Alencar um tumor principal, de 10cm a 12cm e outros oito menores tumores.

Teve de passar por uma sessão de quimioterapia hipertérmica por meio de um cateter introduzido na cavidade peritonial, na qual foi injetada uma solução quimioterápica, aquecida a 40ºC, para atuar nos tumores microscópicos. Mais três outros cateteres realizaram uma aspiração, promovendo uma lavagem.

Ainda durante essa cirurgia, foi retirada uma porção do intestino delgado, uma parte do intestino grosso e dois terços do ureter, que estavam comprometidos pelo câncer.

O ureter foi reconstruído com uma parte do intestino delgado. Anteontem, no entanto, um novo exame detectou a recorrência de câncer em seu organismo.

Passou por uma bateria de exames que revelaram focos de sarcoma na cavidade abdominal. Virá nova cirurgia por aí. É impressionante a resistência física, mental e emocional de José Alencar, com 77 anos.

Vários órgãos do seu aparelho digestivo já lhe foram extirpados total ou parcialmente.

E ele continua vivo, saindo de cada um dos pesadelos de suas cirurgias com um sorriso na face, é comovente a sua coragem diante do sofrimento inexcedível nesses últimos 12 anos.

E impressiona a capacidade renitente dessa moléstia que se recusa, depois de tantas cirurgias radicais, a abandonar os corpos de suas vítimas.

O câncer é a mais furiosa e faminta doença que se conhece.

Um bravo resistente

Apparício Torelly era porto-alegrense e se notabilizou no século passado como o maior humorista de imprensa brasileiro.

Fundou o jornal A Manha para troçar com o jornal A Manhã. Seu jornal, certa vez, foi empastelado pela ditadura de Vargas, os agentes quebraram todas as máquinas, e Apparício, que usava o cognome de Barão de Itararé, foi espancado impiedosamente pela polícia política no recinto do seu jornal.

Depois de consertar os estragos, reabriu o seu jornal e colocou o seguinte cartaz na porta: “Entre sem bater”.

Antes de se consagrar como humorista de ditos célebres, Apparício foi estudante na Faculdade de Medicina de Porto Alegre.

O professor Sarmento Leite, nome de rua em Porto Alegre, foi também diretor da Faculdade de Medicina. Um dia, o professor Sarmento Leite estava submetendo a exame oral na faculdade exatamente a Apparício Torelly.

Fez umas 20 perguntas a Apparício, que não soube responder a nenhuma. “Você é um jumento, um asno”, vociferou o professor ao aluno.

Nesse mesmo instante, o professor Sarmento Leite solicitou a um garçom que entrara na sala: “Traga-me, por favor, dois quilos de alfafa num prato”.

E o grande repentista Apparício Torelly ajuntou: “E, para mim, só um cafezinho”. Impossível assistir com indiferença ao imenso drama por que passa o vice-presidente da República, José Alencar.

Ele descobriu os seus primeiros tumores de câncer em 1997, há 12 anos. Retirou, então, o rim direito e dois terços do estômago.

Cinco anos depois, teve removido um tumor na próstata. Em julho de 2006, surgiu-lhe mais um tumor maligno no abdômen. Apesar de removido, quatro meses depois o foco reapareceu-lhe.

No ano seguinte, o vice-presidente foi operado novamente. E, um ano depois, o sarcoma voltou.

Para testar o seu bravo instinto de sobrevivência, no dia 25 de janeiro deste 2009, foi extraído da região posterior do abdômen (retroperitônio) de José Alencar um tumor principal, de 10cm a 12cm e outros oito menores tumores.

Teve de passar por uma sessão de quimioterapia hipertérmica por meio de um cateter introduzido na cavidade peritonial, na qual foi injetada uma solução quimioterápica, aquecida a 40ºC, para atuar nos tumores microscópicos. Mais três outros cateteres realizaram uma aspiração, promovendo uma lavagem.

Ainda durante essa cirurgia, foi retirada uma porção do intestino delgado, uma parte do intestino grosso e dois terços do ureter, que estavam comprometidos pelo câncer.

O ureter foi reconstruído com uma parte do intestino delgado. Anteontem, no entanto, um novo exame detectou a recorrência de câncer em seu organismo.

Passou por uma bateria de exames que revelaram focos de sarcoma na cavidade abdominal. Virá nova cirurgia por aí.

É impressionante a resistência física, mental e emocional de José Alencar, com 77 anos. Vários órgãos do seu aparelho digestivo já lhe foram extirpados total ou parcialmente.

E ele continua vivo, saindo de cada um dos pesadelos de suas cirurgias com um sorriso na face, é comovente a sua coragem diante do sofrimento inexcedível nesses últimos 12 anos.

E impressiona a capacidade renitente dessa moléstia que se recusa, depois de tantas cirurgias radicais, a abandonar os corpos de suas vítimas. O câncer é a mais furiosa e faminta doença que se conhece.

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