Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 12 de maio de 2009
12 de maio de 2009
N° 15967 - LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
De sons e de cores
Por alguma misteriosa razão – que talvez tenha a ver com o saldo bancário da família –, em Cachoeira não possuíamos discos. Tínhamos um imenso rádio Telefunken que de dia multiplicava mal as emissoras de Porto Alegre e à noite reproduzia, de um jeito que só posso chamar de cristalino, as estações de Buenos Aires.
Quando nos mudamos para Porto Alegre, e o estado das finanças domésticas tornou-se ligeiramente melhor, compramos na Casa Victor um toca-discos que se transformou no centro de nossas atenções. Meus pais tinham enfim o seu Bach, o seu Beethoven e o seu Brahms.
Nós, as crianças, tínhamos de Lupicínio Rodrigues a Ari Barroso – sem esquecer aquela cantora esfuziante que nos conquistou desde a primeira audição: Maria do Carmo Miranda da Cunha, ou, mais docemente, Carmen Miranda.
Mas então a roda do consumo começou a girar mais rápido – e, não tardou, foi introduzida na casa a nossa primeira eletrola. Era um avanço e tanto, a começar pelo lado estético. Uma eletrola era um móvel de linhas clássicas, concebido para combinar com o sofá e as poltronas da sala de estar.
Mas havia ainda o ângulo técnico. Por motivos que minha vã filosofia não alcança, o som era puríssimo, quem sabe pela afinação das agulhas, quem sabe pela potência do jogo de alto-falantes, milagre de encher um palco.
Meus pais se foram, surgiu o hi-fi, mas nós já estávamos mais interessados em outro prodígio da tecnologia – e que à época atendia pelo nome de televisão. Havia um tio que era comandante da Varig. Era uma pessoa terna, compassiva – e aliás não encontro outras palavras para descrevê-lo senão como um homem bom.
No princípio, nos trouxe aparelhos em preto-e-branco. Depois descobriu em Nova York um plástico que transmitia as imagens em cor – ou pelo menos dava a impressão disso.
E aí desembarcou aqui, avassaladora, a TV ao vivo e a cores. Não a festejei. Pois, muito mais do que seu milagre, restava em minha memória a lembrança dos discos de vinil da primeira eletrola e a do plástico que inventava a primeira ilusão da cor.
Uma ótima terça-feira - Aproveite o dia ainda que com chuva que está sendo super desejada por todo o Estado.
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