Jaime
Cimenti
No dia da República
No
dia da República - graças a Deus, feriadão - vamos caminhar, passear e brincar
pelas praças, dando um tempo naqueles lances brabos e atuais de segurança,
educação e saúde. Nós, coroas, vamos lembrar dos tênis conga, dos uniformes
azul e branco do colégio e dos desfiles de Sete de Setembro, quando os anos
eram dourados, o Brasil andava de JK e a bossa nova era a trilha sonora de um
filme maravilhoso. Vamos lembrar aqueles velhos livros de História, de um tempo
em que havia heróis e a narrativa era em preto e branco, sem grandes nuances.
No
dia da República, vamos pensar, de leve, que esse País não é para amadores,
como disse o Tom Jobim, e que o parto dele é demorado, como sintetizou o poeta
João Cabral de Melo Neto. No dia da República, vamos comemorar os quase 30 anos
da Nova República, uma balzaquiana esperta, nascida do movimento Diretas Já. No
dia da República, vamos sonhar com melhores mecanismos estatais de controle,
com contas públicas e privadas mais ajustadas e com novas atitudes.
No
dia da República, os silêncios, as vozes roucas e os gritos das ruas vão seguir
pedindo mudanças, reformas e um novo País. Reformas políticas, fiscais,
administrativas, o que der para mudar para melhor. No dia da República, a
vontade de um novo pacto federativo vai pairar sobre os campos e as cidades,
pedindo mais autonomia para os estados e municípios, onde verdadeiramente moram
e vivem os cidadãos.
No
dia da República, vamos tentar pensar no bem coletivo e refletir que, com as
uniões e associações possíveis, poderemos bem mais. No dia da República, tomara
que o sol ilumine os campos, as cidades, as serras, o interior, os rios, as
capitais, e tomara que dê praia, que a gente precisa pegar uma cor, agora que
está chegando mais um verão.
No
dia da República, vamos caminhar, correr, fazer ginástica, que o verão está pintando.
No dia da República, vamos pensar no que temos de melhor e colocar nosso foco
num futuro digno, com debates em alto nível nas eleições, repletos de palavras,
ideias, coisas concretas e sonhos.
No
dia da República vamos torcer para que nossos representantes se comportem de
forma republicana, exercendo o poder nos conformes e pensando que, se não for
assim, podem ser mandados de volta para suas casas. No dia da República, vamos
sorrir e nos divertir como se fôssemos jovens de uma república estudantil,
donos do futuro, mas estudando um monte.
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