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quinta-feira, 1 de março de 2012
Kenneth Maxwell
Leveson e Murdoch
Nesta semana, o inquérito da Comissão Leveson, criada em 2011 pelo premiê britânico e presidida pelo juiz Brian Leveson, ouviu depoimentos explosivos. A comissão de inquérito tem o poder de convocar testemunhas, que depõem sob juramento. Desde novembro, ouviu uma sucessão de importantes jornalistas e vítimas de escutas telefônicas.
Também ouviu o pai e a mãe de Milly Dowler. A revelação de que o jornal sensacionalista "News of the World" havia instalado uma escuta no celular da estudante assassinada causou forte indignação pública e forçou o premiê a dar início ao inquérito.
Agora foi a vez da polícia. Sue Akers, vice-comissária-assistente da Scotland Yard, disse a Leveson que pagamentos "regulares, frequentes e ocasionalmente significativos" eram feitos pelo jornal "The Sun" a militares e funcionários da polícia e dos departamentos de saúde e penitenciário do governo.
Há provas de que funcionários públicos recebiam remuneração regular do jornal. Os envolvidos nesse tipo de atividade sabiam estar agindo ilegalmente e ocultaram a identidade dos beneficiados, um dos quais recebeu £ 80 mil.
Outro jornalista dispunha de £ 150 mil para pagar seus contatos. A informação obtida "não era de interesse público" e, em muitos casos, consistia em "fofocas lúbricas". Akers disse que "as provas revelam uma rede de funcionários públicos corruptos".
O inquérito da Comissão Leveson lembra uma novela britânica. No fim de semana passado, Rupert Murdoch lançou, em Londres, o jornal "Sun on Sunday", que substituiu o "News of the World", fechado devido ao escândalo. O novo jornal vendeu 3,26 milhões de cópias. O componente britânico do vasto império de mídia de Murdoch é pequeno. Mas, nos EUA, ele ocupa posição importante. Seu canal de notícias a cabo Fox News dita o tom da direita republicana.
As notícias sobre subornos no Reino Unido serão observadas com interesse pelo "New York Times", que há muito concorre ferozmente com o "Wall Street Journal", controlado por Murdoch.
No Reino Unido, os jornais de Murdoch tomaram a ofensiva. Kelvin MacKenzie, ex-editor do "The Sun", argumentou que, "se alguém que faz uma denúncia pede dinheiro, que mal há?". O editor-associado do "The Sun" queixou-se de "uma caça às bruxas em estilo soviético". Akers respondeu em seu depoimento que "nosso objetivo é revelar crimes, não revelar fontes legítimas".
Enquanto isso, o WikiLeaks começou a divulgar outros milhões de e-mails sigilosos, e Bradley Manning continua detido num presídio militar norte-americano por fazer o mesmo. Nenhum desses documentos foi obtido com suborno.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
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