domingo, 18 de março de 2012



Só com pajelança

BRASÍLIA - Ao trocar Romero Jucá por Eduardo Braga na liderança do governo no Senado, Dilma pode ter se distanciado de Sarney e de Renan sem ganhar o que mais queria: os "independentes" Jarbas Vasconcelos, Pedro Simon e Roberto Requião -a turma de Braga.

E, ao substituir Cândido Vaccarezza por Arlindo Chinaglia na liderança na Câmara, trouxe dos subterrâneos do Congresso para a luz do dia o racha da bancada do PT, praticamente meio a meio, uns 40 a 40.

A intenção pode ter sido boa, e o cálculo de que a opinião pública aplaude tem tudo para estar correto, mas o ônus ainda parece bem maior do que o bônus. Sem falar em um efeito colateral: deixar em evidência a ministra Ideli Salvatti, expondo suas fragilidades.

A pergunta que não quer calar no Congresso é: como mudar a coordenação política sem mudar a coordenadora? Derrubar os dois líderes e manter Ideli é como afastar os chefiados e manter o chefe.

A situação política, portanto, ainda não está sob controle. E, aliás, chegou em má hora para Dilma: em seguida ao anúncio oficial do "pibinho" de 2,7% em 2011, com a área militar sacudida por manifestações de rebeldia da reserva, em meio às (des)articulações das eleições municipais em todo o país e ao estresse particular da candidatura Fernando Haddad em São Paulo.

Todas esses dados parecem, mas não são desconexos. É evidente, por exemplo, que o racha petista na Câmara é também causa e efeito da campanha de Haddad em SP, que no início criou mágoas e agora dissemina ansiedade.

Dilma e os caciques da base aliada correm para o pajé Lula, que se recuperou da infecção pulmonar e encerrou a quimio e a radioterapia. Pode não estar ainda no ponto, mas já está sendo instado a desfazer as nuvens carregadas em São Paulo e a fazer chover em Brasília. Nesta semana Lula volta ao centro da taba.

elianec@uol.com.br

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