Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 20 de março de 2012
20 de março de 2012 | N° 17014
CLÁUDIO MORENO
Será que ouvi direito? (2)
6 - Um homem sensível – Bioy Casares fala de um certo barbeiro, velho conhecido seu, casanova de subúrbio, que veio lhe contar com orgulho uma de suas façanhas de sedutor: num restaurante, ele havia entabulado uma animada conversação com uma viúva não muito jovem, de semblante agradável, de belos olhos e magníficas feições, extraordinariamente culta.
Quando chegou o momento de levantar-se da mesa, perguntou, delicadamente, se ela aceitaria um galanteio. Ela concordou, e ele, então, caprichou: “Tenho certeza de que um dia você foi muito linda”.
7 - Shakespeare não era inglês – No final dos anos 80, a rádio de Teerã anunciou uma descoberta que deveria ter revolucionado a história da literatura mundial: com o apoio entusiasmado do coronel Kadáfi (escrevam como quiserem, mas é dele mesmo que estou falando), acadêmicos líbios haviam chegado à conclusão de que o nome Shakespeare, que todos nós imaginávamos inglês, era, na verdade, a corruptela do nome de um escritor muçulmano, possivelmente do Iraque, chamado Sheik Zbir.
Segundo eles, o enredo de Macbeth já estava nas Mil e Uma Noites, enquanto os infortúnios de Romeu e Julieta em pouco se distinguiam do infeliz amor de Layla e Majnum, protagonistas de uma antiquíssima novela oriental. A equipe responsável até hoje atribui à inveja o fato de nenhum intelectual do mundo árabe ter levado a sério sua descoberta.
8 - Um tribunal revolucionário – Na Revolução Francesa, durante os anos do Terror (1793-1794), milhares de pessoas foram decapitadas pelos motivos mais insignificantes. Por uma ordem expressa do Tribunal Revolucionário, por exemplo, o cidadão que portasse nome ligado ao regime monárquico deveria trocá-lo imediatamente, sob pena de ser considerado contrarrevolucionário e encaminhado sumariamente à guilhotina.
Com o Marquês de Saint-Cyr, convocado pelo Tribunal, travou-se um edificante diálogo: “Teu nome?”. “Marquês de Saint-Cyr”. “Não há mais nobreza”, respondeu o presidente da sessão.
“Então, meu nome é Saint-Cyr”. “Mas o tempo da superstição e dos santos já passou, cidadão”. “Então, meu nome é apenas Cyr”. Com indisfarçável impaciência, retrucou o presidente: “Mas a realeza foi abolida!” (“Cyr” soa como “sire”, forma respeitosa de se dirigir aos reis).
“Bem, já que não me sobra nome algum, não passo de uma abstração, e como não existe lei que condene uma abstração, devo ser liberado”. Intimidado com este argumento, ruidosamente aplaudido, o presidente encerrou os trabalhos: “Cidadão Abstração, este Tribunal determina que escolhas logo um nome bem republicano, se não quiseres passar por suspeito outra vez”.
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