Entrelacos

03 de março de 2012 | N° 16997
PAULO SANT’ANA

Os dois estádios

Há três pessoas que não dormiram nas últimas e penúltimas cinco noites. Talvez só tenham ido descansar ontem quando a Andrade Gutierrez afinal concordou em dar todas as garantias: Giovanni Luigi, Tarso Genro e José Fortunati.

Os três passaram as cinco noites tomando Rivotril.

A Arena não vai sediar a Copa do Mundo, mas será, no entanto, o palco onde desfilarão nos próximos 50 anos os sonhos e as esperanças gremistas das vindouras gerações, como o Beira-Rio reformado há de ser o repositório dos melhores horizontes colorados na metade de século que se inicia agora.

Sediar a Copa do Mundo é uma honra, mas não sediar em nada abala a paixão de gremistas ou colorados, a vida continuará e nós todos, azuis ou vermelhos, estaremos sempre incendiados por essa rivalidade que enobrece o Rio Grande e agora, num desvão dela, mergulhou nessa polêmica da reforma do Beira-Rio, que só adquiriu esse estrépito justamente em razão da fricção sentimental que move a Dupla.

Olhem que eu fui contra a construção da Arena, mas agora, sem tê-la visitado, tendo somente passado duas vezes pela freeway e olhado as obras, estou apaixonado pelo novo estádio.

Fui contra a entrega e demolição do Olímpico porque ajudei a concluí-lo: o então presidente Hélio Dourado me carregava pelas cidades do Interior e nós fazíamos campanha de cimento e tijolos junto à torcida, o que redundou nas obras de conclusão e remodelação do Olímpico.

Evidentemente que, tendo sido assim, personagem e autor da conclusão do Olímpico, quando surgiu a ideia da Arena, me coloquei contra.

O Olímpico foi minha casa durante quase 60 anos e eu não admitia que se pudesse entregá-lo a uma construtora para que ali, no berço esplêndido da Azenha, fosse erguido um complexo imobiliário destruidor dos nossos sonhos, das nossas esperanças, das nossas alegrias, todas por nós vividas ali no Olímpico.

Mas eu passo por cima dessa nostalgia toda e abraço a nova Arena.

Com a notícia de ontem à tardinha de que a Andrade Gutierrez havia aceito ofertar 100% de garantias ao Banrisul, assim como estão postas as informações, é de se elogiar a bravura do Banrisul, que resistiu a todas as pressões e não cedeu na exigência de garantias totais pela Andrade Gutierrez.

Por outro lado, chega a espantar que a Andrade Gutierrez tenha se omitido durante todo o tempo da celeuma em oferecer todas as garantias. Esta empresa está acostumada, sou obrigado a calcular, a cometer estas tropelias, que só podem prosperar diante da omissão de homens públicos.

Raramente ou nunca faço isso, mas agora me sinto no dever de publicar que estão faltando 25 doadores de sangue de qualquer tipo para o menino Felipe Augusto Macarty, oito anos, que tem leucemia e necessita vitalmente de sangue para internar-se no Hospital Conceição.

Os doadores poderão se dirigir ao Banco de Sangue do Hospital Conceição, Rua Francisco Trein, segundo andar, fone 3357-2000.