
Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

A fatura do tempo perdido
Há decisões que não doem porque não sangram. Doem
porque escorrem. Escorrem em dias não aproveitados, em recursos que
poderiam circular, em oportunidades que simplesmente não voltam. Quando uma
prefeitura do porte de Porto Alegre não disponibiliza os boletos de IPTU ainda
em dezembro, não estamos falando de um detalhe operacional. Estamos falando de
uma decisão silenciosa - ou da ausência dela.
O cidadão, especialmente aquele que se organiza
financeiramente, costuma desejar virar o ano com menos pendências. Pagar o IPTU
antecipadamente não é apenas cumprir uma obrigação: é organizar o futuro.
Quando o poder público não oferece essa possibilidade, ele não apenas atrasa
uma arrecadação - ele desorganiza a confiança. O recurso que poderia
entrar em caixa ainda no exercício corrente deixa de cumprir múltiplos papéis: aliviar
a pressão sobre a folha de pagamento, ajudar a honrar o décimo terceiro, reduzir
a necessidade de caixa emergencial, ou mesmo ser aplicado por poucos dias,
gerando retorno lícito e previsível.
Nada disso acontece. Não por impossibilidade
técnica. Mas por inércia administrativa, fragmentação de responsabilidades
ou ausência de visão sistêmica. E aqui está o ponto mais sensível: na
gestão pública, tempo também é dinheiro, mas raramente alguém é cobrado
por desperdiçá-lo.
O paradoxo do planejamento
público
Curiosamente, o discurso oficial costuma exaltar
planejamento, previsões, peças orçamentárias e metas plurianuais. Mas o básico -
o timing - falha. Planejar não é apenas saber quanto arrecadar. É
decidir quando permitir que o recurso exista. A falta de emissão
antecipada do IPTU revela algo maior: uma cultura que reage ao calendário, em
vez de antecipar-se a ele.
E, como bem sabemos - vindo da experiência de quem um
dia foi pequeno empresário - quem cresce não espera o cliente bater na porta.
Quem cresce mantém-se disponível, remove obstáculos, amplia janelas de
oportunidade. No setor público, infelizmente, o fechamento ocorre ao contrário:
fecham-se janelas em nome da rotina, do “sempre foi assim”, do “em janeiro a
gente resolve”. Mas janeiro chega com contas vencidas.
Exercícios práticos de decisão (para gestores - e
cidadãos conscientes)
Exercício 1 – Decisão de antecipação
Se você fosse o gestor responsável, o que
precisaria estar pronto até 15 de dezembro para permitir a emissão do IPTU? Sistemas?
Aprovação legal? Comunicação? 👉 Liste os gargalos e
identifique quais são técnicos e quais são apenas culturais.
Exercício 2 – Custo da não decisão
Estime mentalmente: Quantos contribuintes pagariam
ainda em dezembro? Qual o impacto disso no caixa? Quanto custa deixar esse
dinheiro parado… fora do cofre público? 👉 O que parece “neutro” é, na
verdade, uma decisão cara.
Exercício 3 – Empatia inversa
Coloque-se no lugar do cidadão organizado. Que
mensagem ele recebe quando não pode pagar? Que tipo de relação o Estado está
construindo? 👉 Confiança também se arrecada - ou se perde.
Exercício 4 – Aprendizado do pequeno empresário
Pergunta simples: Se uma pequena empresa não atende
no fim de semana, ela cresce ou encolhe? 👉 Por que o raciocínio muda
quando o CNPJ é público?
Conclusão reflexiva
A cidade não quebra por falta de imposto. Ela
sangra por falta de decisão no tempo certo. Planejar não é prever o ano
seguinte. É agir antes que ele comece. E talvez o maior exercício de
gestão pública seja este: aprender com quem nunca pôde se dar ao luxo de fechar
as portas quando havia demanda batendo. Como bem sabemos - e vivenciamos: quem
quer crescer, não escolhe apenas os horários convenientes. Escolhe estar
disponível.
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