
10 de Dezembro de 2025
ALVO DE OPERAÇÃO - ALVO DE OPERAÇÃO
Empresário teria forjado assinatura de um delegado
Ofício falsificado, inclusive com timbre da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, foi encaminhado a uma empresa de pagamentos com ordem e prazo para que fossem fornecidas informações sigilosas. A hipótese é de que tais dados poderiam ser utilizados em algum esquema de estelionato.
Um documento fraudado, com assinatura forjada de um delegado da Polícia Civil gaúcha, está no centro da investigação que resultou em uma ação contra um suspeito de praticar golpes. O Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos realizou ontem a Operação Ex Officio, em Goiânia (GO).
O caso se iniciou em novembro do ano passado, quando uma empresa intermediadora de pagamentos do Paraná recebeu um ofício com o nome de um delegado do RS. O documento falso tinha brasão e identidade visual da Polícia Civil e a assinatura do delegado titular da então Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos. Era uma solicitação para bloqueio e fornecimento de dados cadastrais e do histórico de transações de outra empresa, de São Paulo (SP).
O documento exigia que as informações fossem encaminhadas no prazo de 24 horas. Diante disso, o escritório de advocacia que representa a empresa paulista procurou a Polícia Civil gaúcha para entender o motivo da solicitação de bloqueio. No entanto, esse pedido nunca havia sido feito pelo delegado citado no documento.
- Não tinha nenhuma investigação em curso contra aquela empresa. A gente percebeu que o modelo de ofício que ele (golpista) usou a gente utilizava na época das enchentes. Não era mais usado - explica o delegado Marcos de David.
Gateways
A polícia conseguiu identificar um morador de Goiânia de 26 anos como o responsável pela falsificação. Ele é proprietário e sócio de empresas de tecnologia especializadas em gateways de pagamento. Seu nome não foi divulgado.
Com as buscas realizadas na Operação Ex Officio, a Polícia Civil pretende compreender o que motivou o uso do documento falsificado. A suspeita é de que o investigado buscasse alguma vantagem financeira.
O objetivo da ação de ontem foi buscar provas e não houve prisões. São apurados os crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica e o uso indevido da identidade funcional de autoridade policial. _
Episódio tem relação também com golpes aplicados durante a enchente
Conforme a polícia, o mesmo suspeito já havia aparecido em investigações sobre golpes praticados durante a enchente que assolou o RS em 2024.
- O alvo dessa operação fez uso de um documento falso, em nome de um delegado que atuou na Força-Tarefa Cyber, o que demonstra alto grau de desrespeito às instituições públicas - afirma o diretor do Departamento de Repressão aos Crimes Cibernéticos, delegado Eibert Moreira Neto.
A Força-Tarefa Cyber foi criada no ano passado para combater os golpes aplicados durante a enchente. Em maio de 2024, a polícia atacou um grupo suspeito de simular campanha de doações às vítimas da cheia. A quadrilha criou perfis falsos nas redes sociais que imitavam publicações do governo do Estado, mas com chaves Pix que remetiam as doações aos golpistas.
- Esse grupo criminoso fazia com que pessoas doassem valores, acreditando que seriam revertidos às vítimas das enchentes. Já naquela época, verificou-se que as instituições de pagamento, que são alvo da operação de hoje (ontem), tinham conhecimento de que operavam o recebimento de valores dentro do esquema de golpe - diz Moreira Neto.
Foi neste contexto que apareceu o nome do empresário alvo da ação de ontem em Goiânia. Segundo a polícia, ele teve acesso, naquela ocasião, a um ofício autêntico expedido pela Força-Tarefa Cyber, o que pode ter servido de modelo para a elaboração do documento falsificado.
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