
O que, afinal, é narcoterrorismo?
Donald Trump não é o primeiro - e, ao que tudo indica, não será o último - presidente dos EUA a lançar mão da acusação de "narcoterrorismo" para justificar uma guerra. Desde a década de 1980, o termo tem sido invocado pelos inquilinos da Casa Branca para justificar agendas de securitização e militarização. Não é incomum uma "guerra às drogas" se tornar uma "guerra ao terror" - e vice-versa.
A Colômbia que o diga, onde a DEA, agência antidrogas dos EUA, atuou com o exército local para neutralizar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) nos anos 1990.
O próprio termo "narcoterrorismo" surgiu no contexto sul-americano: teria sido usado pela primeira vez pelo então presidente do Peru, Fernando Belaúnde Terry, após o Sendero Luminoso, outro grupo guerrilheiro, maoísta, atacar uma prisão e uma delegacia de polícia em 1982. Ele descreveu o ataque como "narcoterrorismo - a união do vício das drogas com a violência do terrorismo".
Entre as principais características de uma organização narcoterrorista, estão o financiamento de atividades armadas (e atos terroristas) por meio do tráfico de drogas. Há também uso da violência de cunho terrorista para proteger negócios (como cartéis), assassinatos seletivos e massacres para causar pânico e intimidar o Estado. Outro traço é o controle territorial e social, com o domínio de populações, rotas e territórios, estabelecendo um poder paralelo.
Exemplos
Depois do Sendero Luminoso, o termo narcoterrorismo passou a ser utilizado para definir as Farc na Colômbia, grupo guerrilheiro marxista, que se utilizava da violência para fins políticos (conceito de terrorismo aceito pela ONU) e que passou a controlar partes significativas da produção e da rota de cocaína (narcotráfico) para financiar a luta armada contra o Estado. Em 1989, tropas americanas depuseram o general Manuel Noriega, no Panamá, e o levaram a julgamento por narcotráfico, entre outros crimes.
Outros exemplos são o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nueva Generación (originalmente, grupos narcotraficantes), no México, que usam de violência extrema, exibição pública de corpos e ataques a forças do Estado (terrorismo). Também é citado pelos EUA o Cartel de los Soles na Venezuela, que envolveria altos escalões do governo de Nicolás Maduro.
O conceito é polêmico porque muitas vezes governos o utilizam de forma seletiva ou - no caso, na crise que coloca a América do Sul na iminência de uma guerra - para justificar uma ação armada. No Caribe atual, a grande presença militar dos EUA excede em muito o que seria necessário para operações de combate ao narcotráfico - sem falar nas apreensões de petroleiros em águas internacionais. Daí, a suspeita de que o objetivo da Casa Branca trumpiana não seja acabar com os cartéis, mas mudar o regime em Caracas, capital venezuelana. _
Um bairro mais seguro
Moradores da Rua Santo Inácio, no Moinhos de Vento, em Porto Alegre, estão buscando mobilizar vizinhos para investir em novas tecnologias de segurança. Os mecanismos permitem controle automatizado de acesso de veículos, identificação facial e outros alertas. A proposta inclui as ruas Marquês do Herval, Luciana de Abreu, Barão de Santo Ângelo, Hilário Ribeiro e Engenheiro Álvaro Nunes Pereira. _
Impacto social
A Fundação Marcopolo está entre os vencedores da 15ª edição do Prêmio Brasileiro de Design - BDA (Brasil Design Award). Seu Projeto Amplificador conquistou o destaque prata na categoria Design de Impacto Social - Prosperidade. Outra iniciativa, o motorhome Nômade, também foi agraciado com o destaque prata na categoria Design de Produto. _
Entrevista - Dom Jaime Spengler - Cardeal e arcebispo metropolitano de Porto Alegre
"São uma vergonha algumas posições do nosso parlamento e decisões do Judiciário"
O ano de 2025 para a Igreja Católica foi marcado, principalmente, pelo falecimento do papa Francisco e a eleição de Leão XIV. O arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, viveu esse momento histórico por dentro. Além de ocupar o posto na capital gaúcha, ele esteve na liderança da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam).
O senhor foi criado cardeal em dezembro. Em abril, ocorreu o falecimento de Francisco. Naquele momento, chegou a pensar: "Agora vou participar da escolha de um novo Papa"? Ou o foco era a despedida?
Uma enxurrada de sentimentos. Primeiro, a preocupação com a assembleia da CNBB, que sempre é um evento muito importante e marcante. Depois, o dever de participar do processo de transição - seis meses de quando fomos criados cardeais. Tenho na mente ainda muito presente a cerimônia de exéquias (sepultamento) do papa Francisco, quando vimos aquela praça tomada de gente e depois quando o corpo saiu para ser levado para Santa Maria Maior.
Depois também, nos dias que antecederam o conclave, poder escutar os cardeais de todo o mundo. Foi uma experiência única. Escutar as expectativas, mas também as dores de cada um, é algo que... Não sei se há outra instituição na sociedade capaz de te dar uma visão geopolítica e eclesial como um evento como este.
Durante o conclave, em algum momento o senhor ficou pensando: "Será que eu estou fazendo certo?". O que passava pela cabeça?
O conclave é uma liturgia: portanto, há um rito próprio. O segundo dado que chamou muita atenção foi quando ingressamos na Capela Sistina cantando a Ladainha de Todos os Santos. Depois, o juramento sobre o Evangelho. Confesso que caminhar, cantando a ladainha, foi de arrepiar. Depois, quando chegamos nos lugares que estavam predispostos para cada um, invocar o Espírito Santo cantando... Eram 133 homens, aquilo é um coro especial. Confesso que aquilo me emocionou, e isso diante do Juízo Final, pintado no fundo da Capela Sistina. A pergunta era: "O que eu estou fazendo aqui? Qual é a minha responsabilidade nesse momento da história? Por onde somos chamados a caminhar?". Acredito que não somos nós que guiamos a Igreja.
É um outro. E esse outro concede, a cada tempo, uma pessoa à altura. Chegamos à Capela Sistina, e não se falava no nome desse ou daquele (cardeal favorito para ser eleito). Não ouvi ninguém sugerindo uma corrente ou outra. O nome foi despontando, e ele foi crescendo, tomando corpo, até que, naquela bendita última votação, no final da tarde, ele alcançou os 89 votos necessários para a eleição. Me recordo muito bem que, quando iam se aproximando os votos do número necessário para a eleição, eu estava de frente (para o cardeal Prevost), que estava do outro lado da capela. A impressão que dava era de que ele ia murchando, encolhendo-se na cadeira.
Qual a expectativa para 2026?
Gostaria de chegar a dezembro de 2026 com um Brasil mais sereno, onde realmente as condições de vida do nosso povo - e de todo o nosso povo, não só de alguns - pudessem ser melhores do que estão sendo nos dias atuais. Também com uma classe pública marcada pela ética e não tanto pelos jogos de interesses. São uma vergonha algumas posições e expressões do nosso parlamento, mas também algumas decisões que vemos no âmbito do Judiciário.
É verdade também que nesse âmbito temos gente muito dedicada. Tem gente realmente extremamente preocupada com o bem-estar de todos. O nosso povo é pacífico, é bom; tem gente muito boa entre nós e não podemos baixar a guarda em relação a esse modo de ser bom da maioria, da grande maioria do nosso povo. _
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