
19 de Dezembro de 2025
Fraude no INSS escala círculos de poder
Uma fraude do tamanho da cometida nos benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não teria durado tanto e alcançado valores tão elevados sem cumplicidade de vários agentes públicos. A nova fase da operação Sem Descontos incluiu entre seus alvos o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e o atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, gaúcho que foi afastado do cargo e com prisão domiciliar decretada.
Assim que o escândalo foi exposto, a coluna defendeu uma reestruturação no governo, tamanha a gravidade. Dizer que a mudança ficou pela metade é eufemismo. Medidas essenciais demoraram, como demissão e prisão do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto.
Outras sequer foram adotadas, como uma inspeção com lupa na nova estrutura do ministério. As novas medidas da Polícia Federal indicam que, apesar de tudo, parte da estrutura podre foi mantida. Reforça a leniência do governo Lula associada à atuação eleitoreira da CPI do INSS.
O peso da Previdência
O senador alvo da PF ontem é vice-líder do governo Lula no Senado e tem forte ligação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Tinha tanta confiança do Planalto que foi escolhido como relator da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A fraude no INSS é grave por envolver a maior despesa do governo. Para este ano, a área tem previsão de R$ 1,07 trilhão em despesas, quase a metade de todas as previstas no orçamento da União.
Boa parte do debate sobre a necessidade de um ajuste fiscal - corte drástico de despesas públicas - decorre dos crescentes déficits na Previdência. O maior peso vem dos aumentos reais (acima da inflação) do salário mínimo, que indexa os benefícios previdenciários e assistenciais. É uma medida adotada somente em gestões petistas.
Ao tolerar que a fraude aprofundasse o prejuízo da Previdência, o governo Lula agravou a situação dos aposentados, que tendem a perder renda com eventual mudança na Presidência da República ou mesmo com a manutenção, diante da inevitabilidade de alguma correção de curso nas despesas públicas. _
O mercado segue tenso com o fim do chamado "trade Tarcísio". Ontem, o dólar fechou em oscilação para cima de 0,01%, para R$ 5,523, e manteve o maior nível desde agosto. A bolsa subiu 0,38% e encostou nos 158 mil pontos.
Entrega parcial de casas doadas por empresas
A promessa era de viabilizar o projeto em até três meses a partir de junho de 2024, mas casas de R$ 110 mil construídas com doações privadas para atender atingidos pela inundação em Muçum serão entregues hoje de forma parcial. A decisão, conforme o Movimento União BR, foi do governo do Estado. A organização não participará da agenda do Piratini.
O governo gaúcho anunciou a doação de 84 casas em Encantado, Muçum, Nova Bréscia e Nova Alvorada. Só as 30 de Muçum têm recursos do União BR, ao redor de R$ 10 milhões. Faltam 12 e, depois das contenções, será estudada a possibilidade de o terreno abrigar mais oito casas. Em comunicado aos parceiros, a organização afirma que o poder público solucionou suas "responsabilidades".
Isso se refere a estruturas hidráulica e elétrica, muros de contenção e pavimentação, entre outros compromissos dos governos estadual e municipal. As casas, reforça a organização, estão concluídas desde meados de agosto.
"O governo do Estado do RS optou por uma inauguração parcial e entregará uma parte das casas aos moradores da localidade no final desta semana. Estamos felizes em saber que parte da população que sofreu tanto passará um Natal em paz com uma casa digna, climatizada e mobiliada", afirma o União BR no comunicado.
- Nossas casas têm móveis, eletrodomésticos, cobertores, ventiladores, talheres, panelas. Caprichamos ao máximo porque o que nos interessa são as pessoas - disse à coluna Tatiana Monteiro de Barros, fundadora da organização. _
02
Esnobada da Itália adia acordo Mercosul-UE
Entre arremessos de batatas e queima de pneus, o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), mesmo com todas as amarras adotadas para atrair os resistentes ao tratado, não será assinado amanhã. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou aos líderes dos 27 países que compõem a UE, que se reuniram ontem em Bruxelas, na Bélgica, que a assinatura será adiada para janeiro, segundo a agência de notícias AFP.
O futuro do pacto com o Mercosul ficou incerto depois de a Itália se juntar à oposição liderada pelos franceses:
- Seria prematuro assinar o acordo nos próximos dias - disse na quarta-feira a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que Meloni "está vivendo certo embaraço político com os agricultores italianos", mas será "capaz de convencê-los a aceitar o acordo":
- Ela pediu para que, se a gente tiver paciência, de uma semana, 10 dias, no máximo um mês, a Itália estará junto no acordo.
O país é considerado o "fiel da balança" para ratificar o acordo com o Mercosul no Conselho Europeu, última etapa antes da assinatura. Para ser aprovado na instituição que reúne os chefes de Estado e de governo dos 27 países da UE, o tratado precisa da validação de pelo menos 15 países que representem 65% da população da UE. França e Itália somam cerca de 28% dos habitantes do bloco. Com apoio de outros países contrários ao pacto, deve ser o suficiente para barrar a parceria com o Mercosul. _
Dado Bier relança cerveja e terá novos projetos
Um ano depois de anunciar o fim da produção em sua microcervejaria criada em 1995, Eduardo Bier Correa retoma a partir de hoje a venda de sua marca, Dado Bier, no varejo. Com uma cerveja nova, terá parceria exclusiva com o Asun nas regiões em que a rede atua, e nas demais, com outros supermercados. A operação do Food Hall no shopping Bordaza deve começar em março de 2026.
- Estamos conseguindo concretizar um plano de relançamento que passou por reestruturação. Vamos começar com uma pilsen puro malte, com fórmula mais sofisticada, acompanhando o movimento de agregar mais valor - relata o empresário, já adiantando que em seguida terá um "amplo portfólio de tipos e embalagens", formando uma linha.
Segundo Bier Correa, é difícil atuar no mercado dominado por grandes produtores de cerveja, de um lado, e grandes redes varejistas de outro. Muitas cervejarias enfrentam dificuldades depois da pandemia.
- Fui procurar um modelo de parceria verdadeira e consegui estabelecer com o Asun. Vamos dar exclusividade em troca de tratar o produto com destaque - afirma.
Além da volta ao varejo e à gastronomia, o pioneiro das cervejas artesanais tem um terceiro projeto bem alinhavado para o primeiro semestre de 2026. Diante da curiosidade da coluna, deu pista:
- Planejei voltar com tudo, de um jeito inteligente, ao menos de alguém que tem muita vivência, então aprendeu ou deveria ter aprendido. É um projeto muito ligado à minha origem, que era uma cervejaria com possibilidade de receber clientes. A empresa cresceu muito, e o mercado acabou nos puxando para um plano diferente do original.
Nenhum comentário:
Postar um comentário