
22 de Dezembro de 2025
INFORME ESPECIAL - Vitor Netto
Afinal, desde quando os EUA e a Venezuela estão em pé de guerra?
Desde o primeiro semestre deste ano, Estados Unidos e Venezuela trocam acusações e estão cada vez mais próximos de uma guerra.
Mas, afinal, por que os EUA estão em pé de guerra com a Venezuela?
A hostilidade americana em relação ao governo venezuelano não é recente. O projeto socialista da Venezuela, chamado de "bolivarianismo" por seus autores, tem sido um incômodo para Washington desde a ascensão de Hugo Chávez, que assumiu a presidência em 1999.
A Venezuela posiciona-se contra a influência dos EUA na América Latina e construiu alianças com adversários estratégicos de Washington, como Cuba, Irã e Rússia.
Os atritos de Chávez com presidentes americanos começaram com Bill Clinton (1993-2001), quando o venezuelano visitou Saddam Hussein no Iraque (2000) e criticou as intervenções americanas.
Os anos com George W. Bush (2001-2009) no poder foram o período de maior confrontação. Chávez acusou Bush de apoiar o golpe de Estado fracassado contra ele em 2002. Em discurso na ONU, em 2006, por exemplo, em um dos momentos mais quixotescos da história da Assembleia Geral, ele chamou Bush de "diabo" e disse que o palco ainda cheirava a enxofre após a fala do presidente americano.
Com Barack Obama (2009-2013) as animosidades continuaram. Em 2009, Chávez acusou o americano de seguir os passos de Bush após a Casa Branca aumentar a presença militar na Colômbia. Em 2012, chamou Obama de "ignorante" em um discurso.
Chávez morreu de câncer, em 2013, após fazer um longo tratamento em Cuba. Maduro, então, assumiu o poder.
Mais recentemente, empossado presidente em seu primeiro mandato (2017-2021), Donald Trump passou a pressionar Maduro a deixar o cargo.
Em 2019, após considerar fraudulentas as eleições presidenciais de 2018, os EUA deixaram de reconhecê-lo como presidente legítimo e passaram a reconhecer Juan Guaidó, então presidente da Assembleia Nacional, como autoridade interina, alinhando-se a dezenas de outros países, inclusive o Brasil sob a presidência de Jair Bolsonaro.
Na mesma época, Trump impôs sanções econômicas progressivas para forçar a saída de Maduro, incluindo o congelamento de ativos da PDVSA (estatal petrolífera) nos EUA, restrições a setores-chave da economia venezuelana e pressão pelo isolamento financeiro internacional.
Ao retornar à presidência, em 2025, Trump inicialmente pareceu disposto a um diálogo pragmático com Maduro, mas interrompeu as aproximações e retomou a pressão para que o líder venezuelano deixe o poder. Os EUA não reconheceram os resultados das eleições de 2024, nas quais o venezuelano se considerou vitorioso, e apoiavam publicamente a candidata da oposição, María Corina Machado.
A principal acusação dos EUA contra Maduro é de que seu governo facilitaria o tráfico de drogas e a entrada de criminosos no território americano. Trump também sugeriu, sem apresentar provas, que a Venezuela estaria envolvida na produção ou distribuição de fentanil (opioide sintético, normalmente misturado a outras drogas, como cocaína).
Recentemente, os EUA incluíram o regime de Maduro na lista de governos considerados patrocinadores do terrorismo. Além disso, três embarcações petroleiras foram interceptadas pelos americanos nos últimos 10 dias. Na semana passada Trump disse que não descarta a possibilidade de uma guerra com a Venezuela.
Encontro do Mercosul e as farpas de Lula e Milei
A expectativa para o encontro do Mercosul era a assinatura do acordo com a União Europeia, que ficará para janeiro de 2026.
Contudo, o encontro também foi marcado por divergências entre os presidentes Lula e Javier Milei, da Argentina. Sem citar os EUA, o brasileiro criticou os recentes movimentos americanos no continente: "Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe". Ao citar o conflito entre Argentina e Reino Unido pelas Ilhas Malvinas (1982), afirmou que a América do Sul volta a ser assombrada pela presença militar de estrangeiros. Por outro lado, o argentino expressou apoio aos EUA, elogiando as ações para "libertar o povo venezuelano". _
Entrevista - Ranilson Viana - Escultor
"A resistência do cavalo Caramelo só fortalece a esperança nos momentos difíceis"
Um dos símbolos da enchente no RS em maio de 2024, o cavalo Caramelo se tornará um monumento no Vale do Taquari. Com quatro metros de altura, a obra ficará às margens da BR-386, em Estrela, e será doada pelo escultor pernambucano Ranilson Viana. Ele falou com a coluna sobre a obra e o processo de criação.
De onde veio a ideia?
Acho que todos que temos coração ficamos muito chocados com a situação que aconteceu aí na região. Aconteceu a situação do Cavalo Caramelo, e me chamou muita atenção a resistência e a luta. Acredito que todos nós aprendemos um pouco com ele. Então, fiquei com vontade de fazer a representação, para que as pessoas que estejam num momento difícil e que passem por essa escultura, olhem para ela como uma esperança. Porque ele não desistiu no momento mais difícil da vida dele. Acredito que o Caramelo não é só um exemplo para a região do Sul, mas também para todo o Brasil e o mundo.
Ele é uma referência em esperança. Foi quando fiz uma visita. E, quando cheguei, foi que vi realmente, senti de perto o desastre que foi, mas também a união de todos vocês, dos municípios, que estão reconstruindo a cidade. Então, falei com ele (ex-presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari, Moisés de Freitas) que eu queria homenagear o cavalo Caramelo com uma escultura, e que fosse com quatro metros, para colocar uma simbologia dos quatro dias que ele passou ali com resistência.
Como será a escultura?
Eu comecei a minha vida como escultor retratando pessoas, sou especialista em retratação. Então, vou agora em janeiro e quero fazer uma visita ao cavalo, quero ter essa oportunidade de retratá-lo e fazer uma cópia fiel dele, mas numa altura de 4 metros. Vamos retratar o telhado, aquela imagem que foi divulgada para o Brasil e o mundo.
Você é de Petrolina. Como será transportado?
Pelos cálculos, vamos levá-lo em duas partes para transitar na BR-101. Vamos ver se conseguimos separar o telhado das pernas e levá-lo quase 100% modelado, por causa da altura. Vamos pedir uma autorização ao DNIT para transitar e ver se teremos condições de levá-lo inteiro. Se tivermos condições, se tivermos permissão para levá-lo com 4 metros de altura, vamos levá-lo inteiro. Se não, vamos levá-lo com 3 metros e meio, separando só a parte das pernas. Chegando no local, fazemos o acabamento e os retoques.
Qual o sentimento de realizar uma obra dessa?
Para mim é uma emoção muito grande, até porque eu, para quem conhece a minha história, sabe que minha vida foi sempre de muita luta, de muita resistência. Perdi minha mãe logo muito cedo, fui criado pelos meus avós, fui criado na labuta, como dizem aqui os nordestinos. Depois, fui trabalhar na agricultura, mas sempre desenhei e pintei. Só depois fui para esse mundo do tridimensional. Então, a resistência do cavalo Caramelo só fortalece a esperança nos momentos difíceis. _
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