O que a tragédia do bolo ensina
Enquanto os gaúchos não conseguem desgrudar os olhos do caso do envenenamento em série, em Torres, dois temas são urgentes para que, como sociedade, possamos tirar algum aprendizado de toda essa tragédia. O primeiro é sobre a necessidade de revisão dos protocolos hospitalares a respeito de óbitos decorrentes de intoxicação alimentar.
A polícia chegou a comentar sobre o assunto na coletiva de sexta-feira, após a análise que comprovou que o sogro da suspeita também morreu devido ao arsênio. Ora, o corpo só pode ser exumado e periciado porque não fora cremado em setembro.
Claro, não havia qualquer tipo de investigação ou suspeita de envenenamento no momento da morte daquele homem. Mas, se ficasse comprovado o óbito, ainda no hospital, devido à ingestão de arsênio, os novos assassinatos teriam sido evitados.
Outro ponto que a tragédia familiar levanta é a facilidade a que se tem acesso a arsênio no Brasil. Devido ao grande risco de contaminação acidental, a substância tem venda controlada e é proibido como raticida. No entanto, uma rápida pesquisa na internet leva a conhecidos sites de comércio digital para a compra do produto. E por um preço bem baixo. _
Apenas nas duas primeiras semanas de janeiro, já há três datas que marcam temas relacionados à defesa da democracia: a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, os dois anos dos ataques de 8/1 e, na próxima quarta-feira, os 40 anos da eleição de Tancredo Neves.
Quem mais foi à posse do ditador da Venezuela
Além da embaixadora Gilvânia Maria de Oliveira, que compareceu à posse do ditador Nicolás Maduro, em Caracas, representando oficialmente o Brasil, integrantes da esquerda estiveram na solenidade: o historiador Valter Pomar e a psicóloga Monica Valente, secretários-executivos do Foro de São Paulo, Camila Moreno, que atuou na coordenação do Ministério da Educação durante o governo Dilma Rousseff, e Vera Lúcia Barbosa, ex-secretária de Movimentos Populares do PT. O MST também enviou comitiva composta por cinco integrantes, entre eles João Pedro Stédile. _
Experiência gaúcha na Academia de Lisboa
Com vasta experiência e prática, o coordenador do curso de especialização em Direito Penal da PUCRS, Marcos Eberhardt, vai integrar o corpo docente da pós-graduação da Universidade Autónoma de Lisboa, em Portugal.
Ele ministrará o curso de "Prova e Garantismo Penal", que começa em 3 de fevereiro. As aulas foram projetadas para quem deseja aprofundar o conhecimento sobre matéria probatória no âmbito do processo penal garantista. _
Entrevista
"O antissemitismo vem da ignorância"
Daniela Russowsky Raad
Presidente da Federação Israelita do Rio Grane do Sul
Aos 34 anos, a advogada Daniela Russowsky Raad é a nova presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs). Ela é a mais jovem dirigente da instituição e a segunda mulher. Descendente de árabes e judeus, Daniela conversou com a coluna sobre seus planos à frente da entidade.
? Como a sua descendência contribui para a sua visão de mundo?
Meus avós por parte de pai eram libaneses, vieram para o Brasil em 1948. Eram cristãos maronitas. Por parte de mãe, tenho uma família judia. Meus bisavós vieram para cá, para o Brasil, fugidos da região da Bielorrússia, naquela onda imigratória para as colônias do interior do Rio Grande do Sul, para Philippson, especificamente. Tanto da parte libanesa da família quanto da judia, valorizamos muito o respeito às pluralidades. Também prezamos muito pela educação. Isso me forjou como pessoa.
? Está havendo renovação na presidência da Firs?
Gosto de pensar como uma continuidade. Quando se vê alguém jovem, isso remete a uma ideia de ruptura. Não é como eu vejo. É uma diretoria que, na média de idade, todos são relativamente jovens. Mas, ao mesmo tempo, para se chegar a uma diretoria como essa, existe um trabalho de muito tempo. Sobre o fato de ser mulher, a gente teve Matilde Gus, a outra presidente, muitos anos atrás, que fez um trabalho maravilhoso e que é uma inspiração. Temos movimentos na comunidade muito fortes que trabalham com o social e com a caridade. Foram sendo plantadas sementes que vão gerando frutos. Hoje, eu estar aqui (na presidência), como jovem e mulher, é resultado do trabalho de pessoas que foram plantando, deixando um espaço para desenvolvimento, para que a gente quisesse vir também e continuar esse trabalho.
Você era vice-presidente. Também, nesse sentido, é uma continuidade?
Comecei como voluntária na Firs aos 19 anos, mas na diretoria estou há quatro anos. No último ano, eu era vice. Foi uma sucessão bem-feita. O Márcio Chachamovich, o antigo presidente, fez um trabalho incrível. Não teve uma renovação completa da diretoria.
Como você pretende tratar o tema do antissemitismo?
O antissemitismo não é novo. Achar que surgiu nos últimos anos é ingenuidade. Sempre existiu. É uma forma de ódio, de preconceito, de racismo. Infelizmente, isso existe e dificilmente a gente consegue se livrar. A gente contém o antissemitismo, trabalha para que não se propague. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) criou um sistema de mapeamento nacional que mostra que, no último ano, houve aumento de quase 70% de denúncias no país. Isso só faz com que a gente tenha de trabalhar de forma ainda mais firme para combater o ódio. O antissemitismo, a meu ver, vem, em grande parte, devido à ignorância.
Como combater?
Acredito que educação e informação são as melhores formas. Esta gestão está comprometida com isso.
Como vê a importação, no Brasil, do tema dos conflitos no Oriente Médio, em geral com uso político e ignorando as complexidades daquela região?
Precisa ser evitada. A gente não tem de trazer o conflito para cá. A comunidade judaica é conhecida. Completamos, no ano passado, 120 anos da imigração judaica para o RS. Nesse período, a comunidade judaica foi mais do que acolhida e mais do que abraçou. Ela se integrou a todas as outras comunidades no Estado. Isso é o que temos de olhar: para essa construção conjunta. Hoje em dia, pessoas antissemitas querem disseminar algum ódio contra os judeus e o fazem, muitas vezes, mirando Israel. Chamamos de roupagem do antissionismo. É necessário quebrar estereótipos, preconceitos, de achar que a comunidade judaica tem um perfil único. Isso não existe. A comunidade é plural, diversa politicamente. É preciso valorizar o respeito ao próximo, à vida, à tolerância ao outro, ao diferente.
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