terça-feira, 28 de janeiro de 2025


28 de Janeiro de 2025
OPINIÃO

Teste de estresse

O episódio dos brasileiros deportados dos Estados Unidos algemados, com os pés acorrentados e vítimas de outros maus-tratos deve ser o primeiro teste de estresse na relação entre os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. É prerrogativa norte-americana mandar de volta imigrantes ilegais e ter precauções de segurança nos voos, mas as imagens divulgadas da chegada do grupo a Manaus (AM) na noite de sexta-feira e os relatos de ameaças e agressões indicam que, de fato, cidadãos brasileiros, ao que se sabe nenhum deles criminoso, foram submetidos a situações degradantes. Não deve ser aceita a repetição de humilhações semelhantes.

É correto o governo reivindicar tratamento digno e respeito a direitos humanos básicos e até cobrar uma explicação, como diz que fará o Itamaraty, conforme nota publicada no domingo. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a forma como os brasileiros foram transportados, com "uso indiscriminado de algemas e correntes" viola um acordo firmado entre os dois países em 2018. Há informações de que, também na gestão Joe Biden, circunstâncias parecidas se repetiram. Também não se conhecem os termos do acordo que o Itamaraty diz existir. 

Mas mesmo que o uso de algemas ao longo do voo em alguns casos possa ser procedimento-padrão, por certo agredir fisicamente e manter o interior da aeronave sem ar condicionado em longos períodos no solo, levando até mulheres e crianças a passarem mal, não faz parte de nenhum tratado. Tampouco é praxe desembarque com mãos e pernas presas.

O Brasil, de qualquer forma, precisará de extrema habilidade para buscar uma solução. O país, até agora, estava fora da linha de tiro da metralhadora giratória de ameaças e bravatas de Trump. Não haverá ganho algum se a crise escalar. Dada a distância ideológica entre Lula e Trump, o mais adequado é que as negociações se limitem à diplomacia profissional, canal em que é possível manter um diálogo produtivo e sem arroubos.

O tema precisa ser tratado com firmeza, o mais inteligente é trabalhar com discrição. Bate-boca público e falatório em rede social servem para agitar as massas de apoiadores, mas colocam em risco um desfecho adequado, que resulte em respeito aos direitos dos brasileiros deportados. O melhor exemplo do quanto é contraproducente ser estridente veio da Colômbia, que no fim de semana se negou a receber voos. O presidente de esquerda Gustavo Petro quis em um primeiro momento peitar Trump com uma manifestação forte em uma rede social, sofreu ameaça de sanções, disse que revidaria e, ao fim, teve de ceder. O tema continuará a ser tratado pela diplomacia.

Deportar em massa imigrantes ilegais foi uma das promessas de campanha de Trump, que agora começa a cumpri-la. A maior parte é de latino-americanos. O tema será tratado em uma reunião Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na quinta-feira. O grande desafio será encontrar uma forma de reivindicar condições dignas e evitar retaliações. Ao menos neste início de governo, Trump tem se esmerado em fazer demonstrações de força, em especial contra países menores e aliados históricos. Os grandes rivais dos EUA, China e Rússia, por enquanto gozam de tratamento condescendente. _

Opinião do leitor - Empresários das big techs

Neste espaço se disse que a inveja e alguma mediocridade de brasileiros os impede de entenderem empresários das big techs - Musk e os outros, símbolos de inovação e pensamento reacionário, destaques na posse de Trump. Mas não é. É medo que vem da História. Lembra líder de direita expansionista, que queria agregar territórios vizinhos associando-se a grandes empresários e levou o mundo à Segunda Guerra Mundial, com mais de 70 milhões de mortos. O líder de agora bate em portas caçando estrangeiros sem visto e os coloca em aviões. O outro punha em trens. Um não gostava de judeus e ciganos, este, de latinos e trans. Temos medo sim, e também consciência. _

Ademir Fernandes Gonçalves  Advogado - Porto Alegre Impostos

Mais uma vez esta celeuma sobre redução de impostos, agora dos alimentos. O Brasil ser um dos países com a maior carga tributária, não se discute. Sempre tem uma guerra, uma catástrofe climática, variação cambial, um político maluco, o custo Brasil (a pior das pragas). Ninguém escapa das consequências desses cavalheiros do apocalipse. Nossa economia não é uma roda, como deveria ser. Aqui, poder aquisitivo gera inflação, e recursos financeiros que deveriam financiar atividades econômicas são direcionados para o mercado especulativo, ou seja, improdutivo. Reduzir impostos sempre é ótimo, mas de nada adianta reduzir a receita e continuar aumentando a despesa. _

Nelson Noschang Administrador - Porto Alegre Seca e irrigação

A coluna de Gisele Loeblein (ZH, 25 e 26/1) trata de mudanças propostas para fazer a irrigação avançar. Há muito se fala em irrigação no Estado. Para um cidadão comum, que vê a tragédia da seca cíclica pelo noticiário, dá a impressão de que pouco ou quase nada de concreto e eficaz foi feito pelos governos que já passaram pelo Piratini. É legislação, financiamento, falta de conhecimento do fenômeno seca que impacta a quebra das safras em todos estes anos? A mim, parece que a mudança climática é muito mais veloz do que soluções tomadas por governos de plantão. Exemplos de soluções, pelo mundo afora, parece que existem. Por enquanto, nos resta orar por chuva regular. _

Clauci Mortari Engenheiro - Porto Alegre Supersalários

A informação de Matheus Schuch (ZH, 25 e 26/1) sobre recebimentos de altos vencimentos de juízes do TST, infelizmente, não é novidade. E também não é só no Tribunal do Trabalho, mas em todas as esferas da Justiça brasileira. O nosso TCE já foi notícia sobre seus salários (penduricalhos). A Justiça possui orçamento próprio, mas é oriundo dos nossos impostos, e ninguém consegue, ou não há interesse, leia-se o Congresso, em acabar com essa verdadeira farra, num desrespeito total ao pobre povo trabalhador. _

Moacir Piamolini

Aposentado - Porto Alegre

OPINIÃO

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