Após dois meses, dólar abaixo de R$ 5,90
Pela primeira vez em dois meses, o dólar cruzou de volta, ontem, a fronteira dos R$ 5,90. A cotação fechou com queda de 0,73%, para R$ 5,869, a menor desde 26 de novembro de 2024, na sétima sessão seguida de baixa. E, desta vez, a queda não foi atribuída a Donald Trump, como ocorria desde o dia 20 de janeiro. Como durante a campanha eleitoral o novo presidente dos Estados Unidos ameaçou elevar tarifas (impostos de importação) a níveis absurdos e não o fez, uma semana depois, está liberando doses diárias de alívio mundo afora.
Analistas não apontam causa específica para a redução de ontem, mas alguns falam sobre correção de exagero na depreciação do real no final do ano passado. Um dos que vêm mencionando essa diluição da pressão excessiva é o economista-chefe do banco Pine, Cristiano Oliveira, que havia observado o "exagero" de dezembro de 2024 no final da semana passada.
- Houve exagero, com muito efeito-manada, que agora está diminuindo, assim como em muitos países emergentes nos primeiros dias do governo Trump com o fato de ele não ter elevado tarifas, como ameaçou - detalhou.
"Separar ruído de tendência"
A coluna também quis saber se o ensaio do governo Lula de adotar medidas para conter a inflação - consideradas inócuas e até contraproducentes no mercado - não embute o risco de reforçar a pressão. Cristiano ponderou que economistas e gestores de grandes fundos precisam "saber separar ruído de tendência":
- Ruído vai ter sempre, como sempre teve. O mercado trabalha com novas informações a cada segundo. Um ruído às vezes tem efeito, depois deixa de turbinar. É preciso separar os efeitos. _
"espetacular"
Animado, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, classificou como "espetacular" a arrecadação federal de impostos em 2024. O valor de R$ 2,652 trilhões foi o maior da história, resultado de aumento real (acima da inflação) de 9,62% em relação a 2023. Ajuda no cumprimento da meta de déficit zero, mas até as pastilhas do revestimento da Receita sabem que é irrepetível. "Espetacular", mesmo, seria se financiasse só gasto eficiente.
O aumento do diesel que a Petrobras deve anunciar hoje é inoportuno, pressiona a inflação em fase de alta. Mas é sinal de que a estatal aprendeu com os erros. Até pode "abrasileirar" preços, mas sem esquecer que está no mundo.
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