sábado, 25 de janeiro de 2025


25 de Janeiro de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Perda de tempo com medidas contra inflação

Entre segunda e terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou reuniões ministeriais para evitar erros de comunicação, depois que a manipulação de parte da oposição transformou portaria da Receita Federal em manobra para "taxar o Pix". Ponto para a oposição e a economia subterrânea, que provocaram recuo, mas aí não havia erro, apenas ineficiência.

Erro, mesmo, veio na quarta-feira. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse em programa oficial, que havia estudo de "conjunto de intervenções" para baixar a inflação. E o ministério da Agricultura informou que uma das medidas era a alteração de regras sobre validade de alimentos - um anúncio não autorizado, vetado explicitamente na véspera por Lula.

A semana de tiro no pé terminou com nova reunião no Planalto e o anúncio de que o governo pode baixar imposto de importação caso o preço lá fora esteja menor do que aqui dentro. Vai ser preciso procurar muito. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de alimentos. E boa parte dos preços que subiram muito aqui aumentaram também lá fora.

Se há um sinal positivo é o de reconhecer que a inflação está alta e que muitas famílias enfrentam preços que subiram muito acima da média - cada padrão de consumo tem a sua variação específica. Por exemplo, o café subiu porque repetidas secas e inundações prejudicaram a oferta global. O que o governo Lula pode fazer, além de preservar a Amazônia? Nada.

O óleo de soja é mais didático: um dos motivos do aumento é a alta do dólar, já que o grão tem cotação internacional. Nesse caso, a medida mais eficaz seria equilibrar as contas públicas, pois foi a crise de confiança fiscal que ajudou a levar o câmbio para R$ 6 e além. Mas isso está em discussão no Planalto?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta dar racionalidade. Avisou que a mudança no prazo de validade de alimentos não vai prosperar. Depois de dois equívocos em sequência, o governo comete não um erro de comunicação, mas de gestão: cria expectativa de solução de problemas insolúveis. As "medidas" ensaiadas terão efeito pequeno ou nenhum, e pode ocorrer mais desgaste, agora com consumidores (ou eleitores). _

Primeiro conflito entre Trump e Musk

Apareceu a primeira treta entre o presidente Donald Trump e o "first buddy" (primeiro amigo) Elon Musk. Trump anunciou com estardalhaço uma iniciativa de US$ 500 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões, quase um terço do PIB do Brasil ou quase todo o da Noruega). Trata-se da Stargate, de infraestrutura para inteligência artificial, que tem como sócios OpenAI (dona do ChatGPT), Oracle, Softbank e MGX. Musk cravou, em sua rede:

- Eles não têm, de fato, esse dinheiro.

Existe uma treta anterior entre Sam Altman, dono da OpenAI, e Musk, que apoiou a criação da empresa, depois acionou Altman na justiça por abandonar o desenvolvimento de tecnologia de forma não lucrativa para ganhar dinheiro - a primeira parte é um fato. E fez reparos também a outros potenciais investidores:

- O SoftBank tem menos de US$ 10 bilhões garantidos. Tenho isso de boa fonte.

Ao duvidar da capacidade de os envolvidos fazerem os aportes necessários, Musk mina a credibilidade de Trump. O que disse o presidente? Que está tudo certo. Musk integra o governo como chefe do Departamento de Eficiência Governamental, cuja sigla em inglês é Doge, nome da memecoin que apoia. Será tudo uma piada? _

Além de equilibrar as contas para moderar o dólar, economistas destacam que o governo poderia administrar menos estímulos ao crescimento para segurar o repasse de preços. Não ao ponto de gerar recessão, mas para desacelerar.

Trump suaviza e dá alívio a dólar

O real é a segunda moeda que mais se valorizou entre 118 nos primeiros 24 dias do ano, empatado com o peso da Colômbia. As duas moedas ganharam 5,3%, só atrás do rublo russo, que se apreciou 9,8%.

O levantamento é da Austin Rating, com base na Ptax, taxa média de câmbio do Banco Central (BC), não de fechamento. Na sexta-feira, o dólar encerrou em R$ 5,918, variação para baixo de 0,13%. Durante o dia, teve mínima de R$ 5,867. A diferença foi atribuída a desconfiança do mercado com medidas de combate à inflação.

Em entrevista à Fox News na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que preferiria não "ter de impor" tarifas à China. A porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Mao Ning, afirmou que a cooperação comercial e econômica entre China e EUA "é mutuamente benéfica e vantajosa para todos". _

Reação em cadeia

Moeda %

Rublo (Rússia) 9,8

Real (Brasil) 5,3

Peso da Colômbia 5,3

Won (Coreia do Sul) 3,3

Kina (Papua) 3,2

Zloty (Polônia) 2,9

Rand (África do Sul) 2,8

Fonte: Austin Rating

GPS DA ECONOMIA

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