quarta-feira, 29 de janeiro de 2025



29 de Janeiro de 2025
EM FOCO

EM FOCO

Presidente citou o país entre os que impõem tarifas em excesso e disse que irá proteger os EUA com novas cobranças sobre produtos estrangeiros. Declaração ocorreu em meio à crise gerada pelo tratamento dado aos brasileiros deportados

Trump volta a dizer que Brasil taxa demais e promete reagir

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a afirmar que o Brasil cobra tarifas alfandegárias em excesso. Ele ainda prometeu impor taxas sobre produtos de países que prejudicam os interesses americanos.

- Coloque tarifas em países que realmente nos querem mal. A China é um grande criador de tarifas, assim como a Índia, o Brasil e muitos outros países. Não vamos permitir que isso continue, porque vamos colocar os Estados Unidos em primeiro lugar - afirmou Trump, em um evento para correligionários na Flórida.

Na ocasião, Trump citou o impasse desta semana com a Colômbia. Após o país latino-americano se negar a receber voo com imigrantes deportados, Trump ameaçou taxar em 25% os produtos colombianos, o que forçou Bogotá a recuar.

- Vamos proteger nosso país com tarifas. Você teve uma pequena indicação disso ontem (domingo) com o que aconteceu com um país muito forte. A Colômbia é tradicionalmente um país muito forte - disse.

Na campanha, o republicano afirmou que, tão logo tomasse posse, iria impor tarifas sobre produtos de outros países como forma de proteger a produção dos EUA, o que não se confirmou. Na semana passada, ele reafirmou que pretende criar taxa de 10% sobre os produtos da China e que as tarifas também devem atingir os países da União Europeia.

Em dezembro, Trump já havia afirmado que o Brasil "cobra muito" e que iria "cobrar a mesma coisa". Logo após tomar posse, afirmou que os EUA "não precisam" do Brasil e da América Latina.

"Requisitos mínimos"

A nova declaração ocorreu na esteira da repercussão do tratamento dado a 88 imigrantes ilegais brasileiros que foram deportados na semana passada. Autoridades descobriram que eles viajaram algemados nas mãos e nos pés e houve relatos de maus-tratos de agentes americanos durante o voo fretado, incluindo agressões físicas e restrição para uso de banheiro.

Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em uma rápida conversa com jornalistas após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que as deportações precisam atender a "requisitos mínimos de dignidade humana" e chamou de "trágico" o último desembarque.

O chanceler, no entanto, descartou a possibilidade de uso de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer os imigrantes que ainda forem deportados dos EUA.

Na segunda-feira, o Itamaraty já havia convocado o representante da embaixada americana para pedir esclarecimentos sobre o voo. A Casa Branca não se manifestou.

Na segunda-feira, Lula postou em redes sociais um vídeo em apoio aos deportados. "A porta do Brasil está aberta. Deportados são acima de tudo brasileiros repatriados", diz o vídeo.

O Ministério dos Direitos Humanos irá instalar um posto de acolhimento no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG), onde os deportados costumam desembarcar. _

A China é um grande criador de tarifas, assim como a Índia, o Brasil e muitos outros países. Não vamos permitir que isso continue.

Donald Trump - Presidente dos EUA

Outras medidas - Congelamento de assistências

A Casa Branca ordenou ontem o congelamento em todos os subsídios, empréstimos e outras assistências financeiras federais para revisá-los e garantir que estão em conformidade com as "prioridades do presidente". A medida pode afetar trilhões de dólares e causar interrupção generalizada em pesquisas de assistência médica, programas educacionais e outras iniciativas. Vários Estados estão planejando uma ação judicial para tentar bloquear a ordem.

Proibição de transgêneros no exército

Trump assinou ordem executiva para proibir o que chamou de "ideologia transgênero" no exército dos EUA. O presidente afirmou que a medida é para "garantir que tenhamos a força de combate mais letal do mundo". Estima-se que o número de pessoas transgênero no exército americano é de aproximadamente 15 mil, de um total de cerca de 2 milhões de membros na ativa. Ao menos duas entidades de defesa da diversidade já entraram com ações na Justiça.

Demissão de promotores

O Departamento de Justiça demitiu dezenas de funcionários que atuaram em investigações criminais contra Trump. O procurador-geral interino James McHenry afirmou que eles não são "confiáveis" para "implementar fielmente" a agenda do novo governo. O presidente responde por suposta conspiração para alterar o resultado das eleições de 2020 e por má gestão de documentos classificados após deixar a Casa Branca, em 2021. Ele também chegou a ser condenado por falsificar registros comerciais para ocultar pagamentos a uma atriz pornô.

Construção de Domo de Ferro

Trump ainda assinou um decreto que prevê a construção de um escudo antimísseis semelhante ao Domo de Ferro de Israel. Um projeto deve ser apresentado em até 60 dias. O sistema israelense utiliza inteligência artificial para detectar projéteis e lança bombas para explodi-los antes de chegarem ao alvo.

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