quinta-feira, 16 de janeiro de 2025


16 de Janeiro de 2025
DIRETO DA REDAÇÃO

O problema não é o celular

A lei que regulamenta o uso de celulares nas escolas públicas é o sintoma de uma realidade que vai além da tecnologia: vivemos uma gigantesca crise de autoridade. Quando o presidente da República precisa intervir em um tema que deveria ter sido resolvido antes em pelo menos duas instâncias, algo muito maior está em jogo. Os pais não conseguem controlar. Os professores, também não. Lula ex machina surge e, de um acarpetado gabinete em Brasília, salva a humanidade do caos. É revelador.

Quando pais e professores necessitam do poder opressivo do Estado para impedir seus filhos e alunos de fazerem mal a eles mesmos, uma luz vermelha se acende. Imagine o diálogo:

Pai: - Deixe o celular na mochila, minha filha.

Filha: - Por que, pai?

Pai: - Porque os deputados e o presidente Lula querem.

Sou absolutamente favorável à restrição do uso de celulares nas escolas. Mas também em casa, no restaurante, na praia. Minha filha do meio estudava, até ano passado, em uma escola que obrigava os alunos a deixarem os aparelhos na porta da sala. Minha filha não curtiu a adoção da regra.

Alguns meses depois, espontaneamente, me disse: "Sabe que eu tô gostando...". Explicou que conseguia prestar mais atenção nas aulas e interagir mais com os colegas.

Não é uma batalha fácil. Também comigo mesmo, que muitas vezes mergulho nesse universo paralelo de vídeos curtos e prazeres breves.

Mas o ponto central deste texto, que não pretende esgotar o tema, é discutir a competência do exercício da autoridade, não no sentido repressor e violento, mas como um ponto de segurança e de afirmação de valores para nossos filhos e alunos. Se é para que eles reclamem de alguém que lhes impôs algo correto, que seja, neste caso, dos pais e dos professores, não do presidente da República. Educar é, em grande parte, dizer "não". E explicar por que, iluminando um "sim".

Tenho ouvido boas opiniões e entrevistas sobre essa questão dos celulares nas escolas. Em uma delas, duas especialistas analisavam os danos do excesso de telas em crianças e adultos. Antes de encerrar, deixaram o mesmo recado: para mais dicas, nos sigam nas nossas redes. _

Tulio Milman - DIRETO DA REDAÇÃO

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