
Trump empurrou a Índia para a órbita da China
Se você acha que o mundo está preocupado com disputa tarifária entre EUA e Brasil, reveja seus conceitos. Do ponto de vista geopolítico, a tensão que realmente interessa é entre EUA e China: a grande disputa do século 21, que faz mover placas tectônicas do sistema internacional.
Os Estados Unidos estariam enfrentando perda relativa de poder político, econômico e militar, e estaríamos em um turbulento período de transição hegemônica. Ninguém sabe se a ordem internacional será liderada pela China. Mas o fato é que o dragão asiático, que já ultrapassou os EUA em PIB per capita, vem representando, na visão americana, ameaça à liderança americana.
É importante prestar atenção à reunião que começa domingo, em Tianjin, onde Xi Jinping receberá Vladimir Putin, Narendra Modi e outros líderes, na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai. Foquemos em Modi, primeiro-ministro indiano que, pela primeira vez em sete anos, irá à China. A relação entre os países estava congelada desde a guerra, nas alturas do Himalaia, havia cinco anos.
China e Índia são dois gigantes - em território e população -, que disputam a liderança no sul da Ásia e no Oceano Índico. A China expande presença militar em países vizinhos, como Sri Lanka, Maldivas e Mianmar, o que gera receio de cerco estratégico na Índia, que, por sua vez, busca contrabalançar essa influência com sua própria diplomacia e presença naval. Os dois divergem não só no campo estratégico, mas em valores políticos: a Índia enfatiza a democracia, enquanto a China reforça o modelo iliberal.
Rivalidade
Do ponto de vista militar, a China é próxima do Paquistão, rival histórico da Índia, inclusive fornecendo armamentos. De olho nessa rivalidade, os EUA, por anos, vêm investindo em Modi como contraponto à ascensão chinesa.
Só que recentes movimentos de Trump mudaram tudo. Aqui, vale a frase "o inimigo do meu inimigo é meu amigo", princípio que os EUA souberam aproveitar para explorar a cisma sino-soviético nos anos 1970. Embora o degelo da relação Índia-China estivesse em andamento, a metralhadora tarifária trumpiana acelerou o processo. A Índia segue com apoio americano, mas, como os EUA recuaram, está recalibrando a política externa e melhorando a relação com a China. O movimento indiano segue a política de autonomia estratégica, que prioriza interesses nacionais em vez de alianças em blocos. Na prática, Trump jogou a Índia no colo da China. _
The Economist: "Golpe acabou fracassando por incompetência"
A revista britânica The Economist, considerada a bíblia do liberalismo, destacou como capa desta semana o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Abordando temas que vão da democracia à tentativa de golpe, a publicação traz como título: "O que o Brasil pode ensinar à América".
Logo de início, chama a atenção a ilustração da capa, que mostra Bolsonaro com o rosto pintado de verde-amarelo, usando um "chapéu de viking" - similar ao utilizado por Jacob Anthony Chansley, um dos apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que invadiu o Capitólio em 2021. Chansley foi condenado a 41 meses de prisão, mas perdoado pelo republicano.
No início da reportagem, a revista destaca que Bolsonaro "perdeu sua tentativa de reeleição e se recusou a aceitar o resultado", chamou a votação de fraudulenta e usou as redes sociais para incitar seus apoiadores a se rebelarem.
Referindo-se a Bolsonaro como "Trump dos trópicos", a publicação o descreve como um ex-general de quatro estrelas que conspirou para anular o resultado das eleições. Segundo a revista, em seu governo "assassinos planejaram matar o verdadeiro vencedor" (em referência a Lula), embora destaque que "o golpe acabou fracassando por incompetência".
The Economist também afirma que o ex-presidente e seus aliados "provavelmente serão considerados culpados" no julgamento que se inicia na próxima terça-feira.
Fortalecimento da democracia
A revista ainda traça um paralelo entre Brasil e Estados Unidos e afirma que os dois países "estão trocando de papel": "Em contraste, mesmo com o governo Trump pressionando o Brasil por processar Bolsonaro, o país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia."
De acordo com a revista, a maioria dos brasileiros "não tem dúvidas sobre o que Bolsonaro fez" e que "a maioria acredita que ele tentou dar um golpe para se manter no poder."
E finaliza afirmando que: "a maioria dos políticos brasileiros, de esquerda e direita, quer deixar para trás a loucura de Bolsonaro e sua polarização radical". _
Gaúcho na Academia Nacional de Medicina
O urologista André Kives Berger, coordenador da Medicina Robótica do Hospital Moinhos de Vento, tomou posse como novo acadêmico da Academia Nacional de Medicina. Na cadeira 69, tornou-se o primeiro urologista fora do Rio de Janeiro a ser eleito membro titular e é o mais jovem a ocupar a posição, com 46 anos. O grupo reúne-se semanalmente com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento da Medicina, além de servir como órgão de consulta do governo. _
Alerta aos brasileiros em Portugal
O Consulado Geral do Brasil em Lisboa emitiu alerta aos brasileiros que vivem em Portugal devido ao início das operações da recém-criada unidade da polícia responsável por fiscalizar a presença de migrantes. A mensagem da representação diplomática, feita no Instagram, recomenda que os brasileiros portem sempre documento de identificação que comprove a sua situação legal no país. _
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