sexta-feira, 8 de agosto de 2025


08 de Agosto de 2025
OPINIÃO RBS

Demora nas medidas de apoio

Esta sexta-feira marca a passagem de 30 dias da divulgação da carta enviada por Donald Trump para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisando que taxaria as exportações brasileiras para o mercado norte-americano em 50%. Um mês depois, ainda não são conhecidas as medidas de que o governo federal pretende lançar mão para apoiar as empresas e os setores afetados pelo petardo tarifário da Casa Branca. O Palácio do Planalto tarda em anunciar e implementar o auxílio que será imprescindível para os exportadores atingidos pela barreira que inviabiliza os negócios.

Logo após o país ser surpreendido pela agressão sem justificativa comercial plausível e movida por razões políticas, o governo brasileiro cogitou retaliações aos EUA, por meio da Lei de Reciprocidade, aprovada e regulamentada neste ano. Ainda assim, mostrou que a prioridade era abrir negociações com a equipe de Trump. A possibilidade de resposta econômica, pela intenção de manter canais de diálogo, não prosperou até agora. Em seguida, o governo federal passou a tratar de iniciativas para dar suporte às empresas atingidas e garantir a manutenção de empregos. Passaram as semanas, Trump anunciou uma lista de exceções de produtos que escapariam da taxação, adiou a entrada em vigor de 1º de agosto para o dia 6, o tarifaço começou a vigorar na quarta-feira e, até agora, nada do plano de contingência prometido.

Aguarda-se que o pacote de socorro seja apresentado no início da próxima semana. Espera-se que não demore mais. Muitos segmentos continuam sobretaxados em 50%, com as exportações na prática interrompidas. Muitos desses produtos que não foram e não serão embarcados são perecíveis, e os empresários e trabalhadores dessas companhias seguem aflitos sobre o futuro próximo. Ainda que fosse preciso calibrar as medidas e fazer o ajuste fino para que sejam acessadas apenas pelos negócios de fato prejudicados, a lentidão está demasiada.

Sabe-se que as principais linhas da ajuda contemplam crédito em condições mais acessíveis, prorrogação da cobrança de tributos, alternativas para a manutenção de postos de trabalho e um programa de aquisição governamental de alimentos. Devem ser explicadas e implementadas o mais rápido possível, enquanto o governo mantém os esforços de negociações para incluir mais setores na lista de exceções e diminuir o impacto da chantagem institucional de Trump sobre o Brasil travestida de ataque comercial.

Os governos estaduais também foram demandados e apresentaram alternativas. As companhias gaúchas terão um crédito a juro subsidiado de R$ 100 milhões, a ser operado pelo BRDE. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) pediu ao Piratini a liberação de créditos de ICMS de exportação. A resposta também está prolongada nesse quesito.

O Estado é uma das unidades da federação mais prejudicadas pelo tarifaço. Cálculo da Fiergs indica que 85% da pauta gaúcha segue sob a oneração máxima. Cerca de 1,1 mil empresas do RS embarcam para os EUA. A perda potencial chega a R$ 1,5 bilhão em um ano. São números que realçam a importância da celeridade nos mecanismos de apoio aos negócios afetados. _

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