sexta-feira, 1 de agosto de 2025



 01 de Agosto de 2025
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira

Serenidade vale ouro para evitar novos incêndios

Passadas 24 horas da divulgação do decreto que confirma o tarifaço, o governo brasileiro pisa em ovos para não agravar o conflito com um presidente imprevisível como Donald Trump. Não se pode comemorar o recuo de Trump, que deixou 44% dos produtos exportados pelo Brasil entre as exceções, nem aceitar como definitiva a taxação de 50% sobre os demais.

O vice-presidente Geraldo Alckmin foi até ao programa Mais Você, usando o figurino da prudência. Lá, reafirmou que as empresas prejudicadas não ficarão ao relento, mas não adiantou que tipo de socorro o governo federal vai oferecer.

O presidente Lula precisará, mais do que nunca, medir as palavras. Não pode entrar em bate-boca nem adotar discurso de campanha. Ainda que Trump não demonstre intenção de conversar, há um canal aberto com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, e com o do Comércio, Howard Lutnick. Os dois sabem o que de fato importa nas relações diplomáticas e podem convencer Trump de que não convém aos EUA entrar em um jogo de perde-perde, movido por questões ideológicas, ressentimentos políticos e informações distorcidas.

Assembleia-Geral e julgamento de Bolsonaro

O segundo semestre reserva dois eventos potencialmente preocupantes no embate entre Trump e Lula. Um é a Assembleia-Geral da ONU. Dependendo do que Lula diga, Trump pode buscar outras retaliações, ainda mais que estará em discussão o delicado tema das relações Israel-Palestina.

O outro é o julgamento de Bolsonaro, cujo processo Trump define como "caça às bruxas". A provável condenação poderá dar pretexto para algum outro tipo de medida prejudicial aos interesses do Brasil. _

Porto Alegre perdeu um visionário

Com a morte de Guilherme Socias Villela, aos 90 anos, Porto Alegre perdeu um prefeito inspirador. Um cavalheiro que soube fazer política sem gritaria e sem populismo e que deixou como legado uma cidade mais verde.

O Parque Marinha do Brasil é uma de suas melhores heranças e deveria ganhar seu nome, como homenagem a um homem que se preocupou com o meio ambiente quando não se falava em mudanças climáticas. 

Guerra tarifária ajuda Lula

Pela primeira vez desde outubro de 2024, o índice de brasileiros que aprovam o desempenho do presidente Lula superou numericamente o dos que o desaprovam, de acordo com pesquisa AtlasIntel divulgada ontem. A situação ainda é de empate técnico, com o Brasil partido ao meio, mas a aprovação passou de 49,7% para 50,2% e a reprovação caiu de 50,3% para 49,7%.

Uma mexida mínima nos ponteiros que só pode ser atribuída à guerra tarifária com os EUA, que deu um discurso a Lula, o da defesa da soberania.

A aprovação do governo, sintetizada nos conceitos ótimo/bom segue inferior à reprovação (ruim e péssimo), mas também na margem de empate técnico, no entanto, a diferença diminuiu. Desde que o tarifaço foi anunciado, o índice de aprovação do governo subiu de 41,6% para 46,7% e o de reprovação caiu de 51,2% para 48,2%.

O AtlasIntel ouviu 7.334 pessoas entre os dias 25 e 28 de julho. A margem de erro é de 1 ponto percentual para mais ou para menos. _

Janja e Michelle empatam; pré-candidatos se saem mal

Outro recorte da pesquisa AtlasIntel mostra como anda a imagem dos principais líderes políticos brasileiros. A conclusão é de que não está fácil para ninguém. O único a registrar índice positivo superior a 50% é o presidente Lula, com 51%.

Como o percentual de entrevistados que avalia sua imagem como negativa é de 48%, o saldo líquido é de três pontos positivos - o melhorzinho em um cenário de terra arrasada.

Além de Lula, somente o governador de São Paulo, Tarcísio Freiras, tem saldo positivo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro tem 44% de imagem positiva e 55% de negativa, o que lhe dá um saldo de -11pp.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a atual, Janja da Silva, estão empatadas em matéria de imagem - e não têm o que comemorar.

Outros potenciais candidatos, como Romeu Zema e Ratinho Júnior, vão de mal a pior (veja mais detalhes abaixo). _

ALIÁS

Outro questionário abordou os acertos do governo Lula versus seus erros. Os principais acertos foram gratuidade para todos os medicamentos da farmácia popular (83%) e isenção do Imposto de Renda para salários abaixo de R$ 5 mil (81%).

Já os maiores erros foram a cobrança de imposto sobre compras de até US$ 50 em sites do Exterior (64%) e a tentativa de fiscalização de transferências via Pix (58%).

POLÍTICA E PODER

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