
Respostas para superar o novo revés
Ainda se recuperando das sequelas das enchentes e estiagens, a economia do Rio Grande do Sul passa por mais uma provação com o tarifaço de Donald Trump contra o Brasil. Apesar de a lista de exceções apresentada na quarta-feira excluir cerca de 40% da pauta nacional da taxação de 50%, no caso do Estado a grande maioria dos bens exportados para os EUA segue com a oneração máxima. Saíram ilesos apenas 15% dos produtos vendidos pelas empresas gaúchas para o mercado norte-americano, conforme estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
A situação desfavorável, com a ameaça à saúde financeira de empresas e à manutenção de milhares de empregos, amplia a expectativa sobre as medidas de amparo que serão apresentadas pelos governos federal e estadual. Espera-se que sejam rápidas e efetivas, para evitar danos mais graves aos setores mais afetados, como o de calçados, metalmecânico, de madeira e de tabaco, entre outros, muitos intensivos em mão de obra ou com cadeias longas.
Por parte do Estado, foi anunciada linha de crédito de R$ 100 milhões do BRDE, com juros subsidiados. É uma sinalização positiva, mas insuficiente. A indústria pleiteia junto ao Piratini a liberação de créditos de exportação de ICMS, medida que pode se somar a outras para dar maior fôlego às empresas impactadas pelos negócios inviabilizados. A ajuda é necessária enquanto reequilibram a produção, aguardam negociações adicionais entre Brasil e EUA ou prospectam mercados para compensar a parada brusca dos embarques para a maior economia do mundo.
Aguarda-se também que o governo federal, com maior capacidade de resposta, apresente nos próximos dias o cardápio de opções que diz ter para socorrer as fábricas prejudicadas. Especula-se que serão mecanismos de crédito e de manutenção de postos de trabalho. O plano de contingência deve ter o menor nível possível de entraves burocráticos que dificultam o acesso. Medidas bem ajustadas são relevantes para passar confiança aos empresários, afastar o clima de terra arrasada e demonstrar que a economia gaúcha vai superar mais este revés.
Outro aspecto relevante, a ser melhor trabalhado, é a abertura de novos destinos. Os EUA, segundo maior comprador das exportações gaúchas, passaram a ser um parceiro instável sob Donald Trump. Trabalhar com exportações leva tempo, exige planejamento e previsibilidade, condições hoje inexistentes com os Estados Unidos. Convém um olhar especial para regiões emergentes e com consumo em ascensão, como o sudeste asiático, e redobrar os esforços para confirmar o acordo entre Mercosul e União Europeia.
O ataque de Trump contra o Brasil, por outro lado, pode servir para tirar lições e acelerar o enfrentamento de gargalos. Para ampliar e diversificar as exportações, é necessário implementar ações que reduzam o custo Brasil e elevem a produtividade e a competitividade, em especial de bens industrializados. O suporte aos setores afetados também esbarra nas dificuldades fiscais do Estado e do país. Se existisse uma situação financeira mais confortável, haveria maior margem de manobra e o juro, que corrói o caixa das empresas, não estaria em um nível tão extorsivo. _
OPINIÃO RBS
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