
Resposta ao surto - de furto de fios
Os números impressionam e os depoimentos de cidadãos afetados e de autoridades envolvidas no combate ao furto de fios e cabos de cobre são desconcertantes. Reportagem do Grupo de Investigação (GDI) da RBS publicada nesta edição de Zero Hora mostra que a quantidade de casos no primeiro semestre, em Porto Alegre, subiu 110% em relação a igual período do ano passado e já é 3% superior a todo o 2024.
As estatísticas sobre um problema que não é recente e agora se agrava demonstram a insuficiência de todas as iniciativas propostas e implementadas nos últimos anos para pôr um freio nesta verdadeira chaga urbana, comum a todas as médias e grandes cidades do Brasil. Ainda é preciso encontrar meios para inibir os furtos, muitos cometidos à luz do dia e sem qualquer acanhamento, em meio à estupefação de quem assiste às cenas, assim como fechar ainda mais o cerco aos receptadores.
As soluções, devido à complexidade do fenômeno, devem mirar múltiplas frentes, o que torna uma resposta adequada ainda mais desafiadora. O fato de ser um crime cometido especialmente por pessoas em situação de rua viciadas em crack - população que tem aumentado na Capital - demonstra ser um problema que atravessa também aspectos sociais e de saúde pública.
Há ainda um fator de mercado atuando. Os preços internacionais do cobre estão nas alturas por fatores como a guerra comercial de Donald Trump e por ser um metal essencial para a transição energética, na direção da eletrificação. As cotações globais acabam se refletindo nas ruas, com um novo surto de investidas contra a fiação. A despeito da dificuldade para mitigar os furtos de cabos e fios, cumpre não esmorecer nos esforços para combatê-los e preveni-los.
O que está em jogo, afinal, é o funcionamento das cidades. Os cabos arrancados apagam semáforos e causam transtornos no trânsito. Afetam a iluminação pública. Param as operações do trensurb. Deixam cidadãos, empresas e serviços públicos sem energia e no escuro. Na reportagem de Humberto Trezzi e Giovani Grizotti, é impactante a revelação do secretário de Segurança Pública da Capital, Alexandre Aragon, de que durante um fim de semana neste ano, a ação de um indivíduo, em busca de uns poucos metros de fio para trocar por um punhado de droga, deixou 230 mil pessoas e nove hospitais sem luz.
Se há uma nova onda de furtos, é preciso trabalhar para detê-la com a ampliação da vigilância e do policiamento nos pontos de maior incidência e a fiscalização dos estabelecimentos que compram material sem procedência. Deve-se voltar a fazer operações mais frequentes nesses locais. Enterrar a fiação onde for possível e viável economicamente é parte da solução. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, diz que vai sancionar projeto de lei em tramitação que proíbe a maior parte dos ferros-velhos na cidade. A se conferir, também, os efeitos da legislação sancionada na terça-feira pelo Executivo federal que aumenta penas para furto e receptação de fios. Só não há como permanecer inerte e, diante da sensação de enxugar gelo, deixar de agir em cada um dos aspectos relacionados a esse crime que perturba e traz prejuízos aos cidadãos. _
Opinião do leitor
Atlântida
Consumada a previsível queda da plataforma de Atlântida. E, abstraindo sobre a responsabilidade, resta agora à comunidade elaborar um plano para a recriação deste ícone do litoral gaúcho. Seria bacana se as construtoras, empreiteiras, imobiliárias, condomínios e suas administradoras, poder público, entre outros, tomassem a iniciativa de criar e executar um projeto atual e grandioso o suficiente para restituir a simbologia desse patrimônio do RS. Com a palavra, as lideranças do litoral gaúcho. _
Gustavo A. Iserhard - Advogado - São Leopoldo - Morte de um gigante
Eis que tudo aconteceu como o diabo gosta e como as "otoridades" competentes desejavam. Mais uma crônica de morte anunciada. A plataforma de Atlântida, continuando em seu martírio de dois anos de inércia e indiferença, foi mais um pouco decepada. Lá está com o seu espectro fantasmagórico. Dela começam a restar apenas ruínas de saudades.
Tendo sido emblematicamente de iniciativa privada, a primeira do gênero no litoral gaúcho, ela se despede em seu absurdo e doloroso naufrágio. Agora os homens públicos apelam para a esfarrapada desculpa da natureza. Enquanto isso, as últimas pilastras navegam rumo à sepultura oceânica. Pedras e ferros nadam para arrebentar a cabeça de um surfista ou fraturar os seus ossos. Pelo menos o Titanic contou com uma orquestra até afundar. Já a plataforma de Atlântida não teve nem mesmo a marcha fúnebre. _
Francisco Michielin - Médico-escritor - Caxias do Sul - Paulo Germano
Muito pertinente a coluna de Paulo Germano de sexta-feira, na qual descreve a fome em Gaza. Nunca imaginaríamos que em pleno ano de 2025, em que a inteligência artificial se populariza e todos os avanços tecnológicos se materializam de forma concreta, pudéssemos presenciar cenas lamentáveis de crianças esqueléticas, corpos esquálidos, seres humanos famintos. Nada, exatamente nada, justifica tamanhos descaso e crueldade que se vivenciam naquele local. _
Cleber Rudolfo Schonardie - Engenheiro - Parobé - Festival de Gramado
Pois em nova edição próxima, já o 53º Festival de Cinema de Gramado, pelo que parece mais uma vez haverá o total esquecimento de quem iniciou isso tudo, numa reunião das forças vivas gramadenses no Restaurante Três Reis: Milton Dienstmann. Acionista até hoje do Cine Embaixador, ele trouxe projetores e poltronas para o evento e as pessoas mais entendidas em cinema. Milton está muito vivo, morando em Aracaju, mas com seu grande feito esquecido, infelizmente. Por que esta injustiça?
Nestor Luiz Trein
Professor - Estância Velha
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