terça-feira, 17 de dezembro de 2019


17 DE DEZEMBRO DE 2019
+ ECONOMIA

A tristeza de ver o Brasil frear avanços no ambiente

Um dos países que mais se beneficiaria de avanços para conter as mudanças climáticas, o Brasil esteve no grupo que protagonizou o impasse na 25ª Conferência do Clima (COP 25) da Organização das Nações Unidas (ONU), encerrada domingo em Madri. Apesar de problemas recentes, dados e fatos relacionados ao ambiente ainda representam um ativo para o país. Rubens Ricupero, diplomata que começou a construir a imagem do Brasil como líder ambiental global, lamenta:

- O Brasil foi o país que mais atrapalhou as deliberações. Além de destruir seu próprio prestígio, isso não deixará de ter efeito pernicioso no comércio exterior e na atração de investimento. As grandes empresas internacionais são cobradas por seus acionistas para ter política ambiental responsável e exigir o mesmo de seus fornecedores. As bolsas de valores têm índices de sustentabilidade muito valorizados pelas empresas.

A título de consolo, Ricupero observa que, daqui para a frente, avanços em política ambiental devem decorrer não tanto de negociações multilaterais, como as COPs, mas a partir de grupos menores ou iniciativas de outros centros de poder, como o econômico.

- Não vou dizer que me tenha surpreendido. A postura brasileira é sistematicamente obscurantista em todos os fóruns, como no Alto Comissariado de Direitos Humanos, quando votou a favor de todas as resoluções contra os palestinos, e na Assembleia-Geral da ONU, quando três países - Brasil, Estados Unidos e Israel - se opuseram aos outros 186 no apoio ao boicote a Cuba. É um padrão, com danos à imagem brasileira no Exterior. Cada uma dessas ocasiões acrescenta uma demolição a nosso patrimônio nas áreas de direitos humanos, multilateralismo, ambiente e política de gênero.

Ainda que no futuro essa postura mude, argumenta, vai custar para retomar a credibilidade perdida pelo que chama de "desmantelamento".

O patrimônio e os rombos do RS

Na semana decisiva de um dos pilares da estratégia do Piratini para estancar o rombo nas finanças gaúchas, o Centro de Liderança Política (CPL) faz um intensivo no Estado. José Henrique Nascimento, gerente de competitividade da entidade bancada por empresas como Itaú, Gerdau, Votorantim e BTG Pactual, mostrou resultados do mais recente ranking ao governo gaúcho e hoje se reúne com a Assembleia Legislativa. A intenção, diz, é dar consequência à evolução de cada Estado no diagnóstico publicado a cada ano. Em 2019, o Rio Grande do Sul ficou em sétimo lugar geral no Ranking de Competitividade dos Estados. Essa posição intermediária esconde extremos: é o segundo melhor em inovação, mas o pior em gasto com pessoal. E mesmo indicadores que parecem positivos não são tanto assim.

No caso do custo dos três poderes sobre o PIB, pondera o técnico, o motivo é mais o PIB gaúcho ainda robusto do que propriamente a eficiência do serviço público. Um dos pontos que chamam atenção - negativamente - é a avaliação da infraestrutura, em que o Estado ocupa a 18ª posição. Fica atrás só de Amapá, Maranhão, Piauí, Goiás, Roraima, Tocantins, Pará, Amazonas e Acre. Tem o maior custo de saneamento do país e, em energia elétrica, um paradoxo: é de baixa qualidade e alto preço. Só oito Estados têm custo maior e apenas sete, qualidade pior, ilustra o técnico:

- O habitual é alto valor com alta qualidade, não o inverso.

MARTA SFREDO

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