11 DE DEZEMBRO DE 2019
OPINIÃO DA RBS
DESENVOLVIMENTO HUMANO ESTAGNADO
Os resultados dos recentes levantamentos globais sobre questões como educação, ambiente de negócios e bem-estar da população têm um ponto em comum: mostram o Brasil praticamente estagnado enquanto outros países avançam, uma constatação que precisa gerar mais atitude para reverter os panoramas desoladores do que discursos inócuos para apontar culpados. Não foi diferente com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado no domingo pela Organização das Nações Unidas (ONU). A despeito do quase imperceptível avanço da nota brasileira, de 0,760 para 0,761, houve a perda de uma posição em relação a 2017, do 78º para o 79º lugar no ranking. Quanto mais próximo de 1, mais alto é o IDH, que leva em consideração indicadores de saúde, escolaridade e renda.
Grande parte da explicação para a paralisia do Brasil, indica o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), está relacionada à educação. Nenhuma novidade. É algo semelhante ao que foi constatado pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujas conclusões foram conhecidas na semana passada e também identificaram uma imobilidade do Brasil na última década, preso ao grupo dos 20 piores em matemática, leitura e ciências. Alertas, portanto, não faltam para que as autoridades da área enfim apresentem e comecem a colocar em prática as diretrizes para melhorar o desempenho dos alunos brasileiros.
Mas, se o Brasil patina no ranking geral do IDH, no índice ajustado pela desigualdade o país passa por uma situação ainda mais constrangedora. Cai vertiginosas 23 posições, enquanto o incógnito Quirguistão, apenas a título de comparação, sobe 23. Assusta constatar que a parcela dos 10% mais ricos concentra 41,9% da renda dos brasileiros e o 1% mais abastado detém 28,3%. São números que condenam o país, entre as 189 nações analisadas, à ignominiosa condição de detentor da segunda maior desigualdade do mundo, menor apenas que a do Qatar.
Diminuir o abismo na renda significa aumentar o tamanho e o potencial do mercado interno brasileiro, com efeitos positivos no desenvolvimento. Resta calibrar a estratégia para atingir este objetivo. A indução estatal mostrou-se uma fórmula equivocada. O inchaço da máquina pública de anos anteriores, com a criação de elites de servidores e a política de incentivo a grandes conglomerados como "campeões nacionais", gerou mais concentração. Felizmente, é uma visão que parece estar enterrada. O papel do Estado tem de estar no oferecimento de uma saúde e educação dignas e na criação de um ambiente mais amigável para que os negócios privados de todos os portes, os verdadeiros geradores de emprego e renda, prosperem.
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