domingo, 29 de dezembro de 2019


Dicionário regional e universal de Luiz Coronel
O projeto tem concepção e edição de Luiz Coronel e Janaína de Azevedo Baladão

REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO/JC

Dicionário Luiz Coronel - Um domingo ensolarado (Mecenas Editora, 344 páginas) (acima) é a 15ª Edição da celebrada e importantíssima Coleção Dicionários que conta com o patrocínio do Grupo Zaffari, planejamento cultural da Opus e realização da Mecenas Editora e projeto gráfico e direção de arte de Simone M. Pontes da TAB Marketing Editorial. O projeto tem concepção e edição de Luiz Coronel e Janaína de Azevedo Baladão é a coordenadora de pesquisa e organização. A Coleção já publicou volumes Erico Verissimo, Mario Quintana, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Miguel de Cervantes, Machado de Assis, Gabriel García Márquez e outros imortais das letras brasileiras e universais.

Luiz Coronel, poeta, contista, publicitário, compositor, cronista e homem de cultura há pouco recebeu muitas e merecidas homenagens por seu aniversário de oitenta anos e por sua obra, que alcançou destaque nacional e internacional. A escolha de Luiz Coronel para esta cuidadosa edição encadernada, com papel couché brilho 170, formato 23x30cm, foi escolha da equipe de profissionais que elabora as sucessivas edições da Coleção Dicionários.

Os verbetes extraídos das dezenas de obras de Luiz Coronel revelam um livro universal em sua regionalidade e mostram, acima de tudo, infância, ternura, amor carnal e dores sociais. Um mundo de sonoridades e de vida sob a luz de um domingo ensolarado e atemporal estão nos versos e nos textos em prosa de Coronel.

No volume estão muitas fotos de Coronel e dezenas de textos sobre sua vida e obra, de autoria de Carlos Nejar, Ascensión Rivas, Antonio Maura, Mario Quintana, Luciana Coronel, Fafá de Belém, Moacyr Scliar, Armindo Trevisan, Luiz Gonzaga Lopes, Tatiana Druck e outros.

"O tempo galopa o vento/ pelas trilhas da campina./ Num simples abano de lenço,/ na distância, o amor termina./ Não sirvo mate à tristeza/ e deixo a saudade na espera./ Vai-se o inverno com as chuvas,/ vem bem-vinda a primavera." "Elis, tua canção sempre me diz:/ importa ser verdadeiro,/ muito mais que ser feliz./ Havia pássaros e sinos/ em tua voz cristalina./ Bravos gestos de guerreira,/ frágil corpo de menina./ Veludo, pétala e faca,/ a tua voz não termina./ Cantar é abrir viveiros./ Ó minha estrela sulina." São alguns dos belos versos da obra, que canta a aldeia e o universo.
2019, o ano que recomeçou

Neste Brasil sempre estamos pensando que a semana que vem, o mês que vem, o ano que vem, a década que vem a gente vai transformar este país numa verdadeira nação. Profissionais da esperança, dos mil recomeços, avanços e retrocessos e eternamente pacientes no aguardo desse parto demorado que é o do Brasil, vamos levando o barco do jeito que dá, do jeito que somos, com as pessoas que temos e com os imensos recursos naturais que Deus nos ofereceu.

Depois dos protestos de 2013, do povo na rua e de uma eleição whattsaappiana surpreendente, marcada por ponta de faca, a maioria optou por novo recomeço. Bolsonaro, em campanha, disse que mais importante do que o que faria, era o que iria desmontar, desfazer. Por aí. Um ano de governo, acertos e desacertos, palavras e gestos, opiniões divididas e muita incontinência verbal em muitos lados.

Por vezes parece que quase todo mundo tomou alguma coisa, não necessariamente alcoólica, que soltou as línguas, os braços e as mãos e aí o país se tornou meio Babel, com muitos falando alto, ao mesmo tempo, sem buscar entendimento e sem se preocupar com a busca do interesse coletivo.
2019 foi sem dúvida um período de novidades, recomeços, divisões e alguns tumultos. Para quem vive neste mundinho pós-moderno, sem muitas regras ou fronteiras definidas, para quem habita nessa sociedade "líquida" sem pessoas ou relações muito consistentes, para quem navega nesse mar de milhões de solitários conectados na web, isso tudo não deveria causar tanto espanto. Mas seguimos, humanos, com medo do futuro, querendo saber se vai chover amanhã e dando a mão para as ciganas lerem nossas vidas.

O que dá para nos acalmar, um pouco ao menos, é o fato de que em dezembro de 2019 estamos melhor do que em dezembro de 2018, especialmente em termos econômicos. Nossas previsões para 2020 são melhores do que nossas previsões para 2019. Já é alguma coisa. Parece que estamos recomeçando.

Nem tudo são flores. Há críticas e comentários a fazer. O próprio presidente, em entrevista de 22 de dezembro, lamenta alguns exageros e equívocos e entende que somos humanos, imperfeitos. Realmente, nas áreas da cultura, da educação e dos costumes, de modo especial, o governo pode e deve pensar em mudanças, depois de ouvir as vozes da sociedade.

A sociedade espera que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, bem como o Ministério Público e outras instituições, cumpram bem e republicanamente com seus papeis e sintam que os cidadãos e os tempos são outros. 2019 foi o recomeço, e pelo visto, as pessoas vão seguir nas redes sociais e nas ruas fiscalizando e cobrando.

A sociedade brasileira já não é tão pacífica e carnavalesca como foi. Tomara que não se torne violenta e que não tenhamos guerra civil ou coisa assim. Houve um amadurecimento democrático e os cidadãos estão buscando caminhos coletivos que possam ser o melhor para o todo. Não é fácil, nunca foi, o parto é demorado.

Nenhum comentário: