30 DE DEZEMBRO DE 2019
GESTÃO PÚBLICA
Dívida do RS sobe e deve fechar 2019 em R$ 78 bi
Maior parte do total é passivo relacionado ao governo federal. Parcelas devidas à União estão suspensas desde 2017
Sem pagar as parcelas devidas à União desde 2017 (o que, em 2019, garantirá fôlego de R$ 3,45 bilhões ao caixa), o Estado do Rio Grande do Sul segue registrando crescimento da dívida pública. De janeiro a novembro, a conta saltou de R$ 72,9 bilhões para R$ 77,7 bilhões, avanço real (descontada a inflação) de 3,3%. Trata-se de 18 vezes o orçamento anual da Saúde.
O dado de dezembro ainda não está disponível, mas a tendência é de que o total fique na casa dos R$ 78 bilhões. Desse valor, 86% corresponde ao passivo relacionado ao governo federal.
- O resultado era totalmente esperado. Na verdade, ficou abaixo do que prevíamos. A queda na taxa Selic (de 6% para 4,5% ao ano, ao longo de 2019) nos beneficiou e proporcionou um crescimento menor do saldo devedor do que o esperado inicialmente - diz o chefe da Divisão da Dívida Pública, Felipe Rodrigues da Silva.
De janeiro a novembro, graças à liminar obtida em 2017 pelo Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio Piratini deixou de pagar R$ 3,16 bilhões à União. Até o fim de 2019, o alívio deve chegar a R$ 3,45 bilhões, o que representa pouco mais de duas folhas de pagamento do Executivo.
Sem isso, a situação financeira do Estado seria ainda pior neste final de ano. Além de ter parcelado o 13º dos servidores, o governo deve quitar os contracheques do Executivo de novembro apenas em 3 de janeiro de 2020. Já os salários de dezembro começarão a ser depositados apenas em 10 de janeiro, se nada mudar até lá.
Desde 2017, quando o ministro Marco Aurélio Mello atendeu ao pedido do Piratini e autorizou a suspensão dos repasses à União, R$ 7,4 bilhões permaneceram no Estado (serão R$ 7,7 bilhões até 31 de dezembro). Embora a medida tenha ajudado a impedir o colapso das finanças, a pendência não será perdoada. A dívida com a União precisa ser zerada até 2048, e, sobre ela, seguem incidindo juros e correção.
Ainda assim, a manutenção da liminar é considerada fundamental pelo governo Eduardo Leite. A avaliação é de que o Estado não tem condições de retomar as parcelas mensais de R$ 290 milhões.
Também há o temor de que o Piratini seja cobrado em pelo menos mais R$ 6,5 bilhões, por ter desrespeitado a regra do teto de gastos prevista na renegociação da dívida. Isso poderia elevar as parcelas a R$ 900 milhões por mês.
Para evitar a revisão do caso no STF, Leite segue buscando a adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal proposto pela União - que garante, formalmente, carência de ao menos três anos no pagamento da dívida.
A assinatura está condicionada à aprovação do pacote de reformas proposto à Assembleia. Como a votação da maior parte dos projetos ficou para janeiro, as incertezas em relação ao acordo tendem a persistir por, no mínimo, mais um mês.
JULIANA BUBLITZ
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