16 DE DEZEMBRO DE 2019
INFORME ESPECIAL
Uma noite na Redenção
Dezenas de pessoas tirando selfies. Essa é uma medida do sucesso. Não lembro da última vez em que havia passeado pela Redenção à noite. Quando viajo, olho para os parques dos outros países e penso: "Ah, que inveja". Sábado, depois do espetáculo de dança dos alunos da professora Isabel Willadino, na Lopo Gonçalves, caminhamos, Jaqueline e eu, até a Redenção. Queríamos ver a árvore e a fonte luminosa que o Jornal do Almoço mostrara durante a semana.
Tinha pipoca, tinha polícia, tinha piquenique, tinha cachorros, tinha crianças, churros e tinha um casal grisalho sentado em um banco, ambos com touquinhas vermelhas de Papai Noel. Tinha uma fila enorme para andar no trenzinho iluminado, uma senhora bem velhinha e sorridente em uma cadeira de rodas e um food truck embaixo das árvores, com lugar para sentar e respirar.
Caminhamos devagar em volta da fonte, que espirrava água para cima, querendo estender aquela sensação boa de estar passeando em um parque, noite fechada, na cidade que amamos. Fizemos nossas selfies e até pensei em postar com uma legenda tipo "como é bom estar na Europa". A sensação, naqueles poucos minutos, era essa. Alguém iria argumentar que na Alemanha, na França ou na Espanha a água voa mais alto e que há mais cores, turistas, músicas e artistas de rua que fazem mágicas, engolem espadas e imitam Michael Jackson. Ok.
Mas só existia uma comparação realmente pertinente naquele momento. Comparar Porto Alegre com ela mesma. E aí, Porto Alegre nos deu um baita presente. Na verdade, não é que a cidade tenha ficado mais parecida com Berlim, Paris ou Barcelona. Porto Alegre ficou é mais parecida com ela mesma. E isso, convém explicar, é um elogio.
TULIO MILMAN
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