segunda-feira, 9 de dezembro de 2019


09 DE DEZEMBRO DE 2019
CELSO LOUREIRO CHAVES

Beethoven, sempre novo, sempre contemporâneo


As comemorações do aniversário de 250 anos de Beethoven começam agora e vão até 17 de dezembro de 2020, quando a data se fecha. É a chance para ouvir novamente a música de um compositor que nunca abandonou a estante dos músicos. Há séculos a música de concerto tem comemorado Beethoven no dia a dia e sempre há razões musicais, sociais ou políticas para ouvi-lo, enfrentando as novidades que estão ali na música, inteiras e desafiadoras.

Beethoven foi novo em muita coisa, o primeiro em quase tudo. Tanto assim que alguns críticos e uma fatia do público de seu tempo, ao serem ultrapassados por aqueles sons produzidos sem parar, chegaram a cogitar que aquilo não fosse música, fosse só cacofonia. Mas muitas outras vozes, já no calor da hora, celebraram a música de Beethoven desde o primeiro momento. Os primeiros estudos profundíssimos sobre a produção de Beethoven surgiram quando ele ainda estava vivo, algo incomum para a época.

Mesmo causando choque ou se afastando da norma, Beethoven nunca foi acusado de ter um pacto com Satanás ou de ativar o sexo, a droga e o aborto. Ou que algum youtuber da época lhe apontasse o dedo e declarasse que sua música "gera uma grande incompreensão, uma grande maçaroca, uma grande coisa horrível e... e... insuportável". A tanto ninguém chegou, pois isto estava reservado para um dos tantos idiotas que hoje estão nas principais posições da cultura brasileira oficial, vomitando suas imbecilidades, fazendo força, por força de suas desinteligências, para destruir aquilo que deveriam cuidar.

Beethoven foi compositor inovador, mergulhado numa surdez profunda, mas que sabia, só com um olhar, se os músicos estavam tocando corretamente aquilo que ele tinha jogado na página. Foi compositor de sinfonias, sonatas, concertos, música de câmara, ópera, as grandes estruturas musicais - e sociais - da música dos 1800 e que Beethoven revolucionou uma a uma, na harmonia, no ritmo, na obsessividade dos temas. A partir dele, a música e os músicos tiveram que se repensar. Depois dele, só para usar o lugar comum, a música de concerto nunca mais foi a mesma. Nem a música, nem os ouvintes.

CELSO LOUREIRO CHAVES

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