09 DE DEZEMBRO DE 2019
MÚSICA
Nova Califórnia da Canção consagra jovens talentos
Com orçamento mais enxuto, evento conseguiu mobilizar Uruguaiana. A renovação passou pela Califórnia da Canção Nativa neste final de semana. Entre os premiados da 41ª edição estão talentos que começaram a despontar na Califórnia Petiça, versão mirim do festival, que também ocorre em Uruguaiana. É o caso da cantora Nicole Carrion, de 22 anos, que ganhou o prêmio de melhor intérprete.
Guria tem melodia de Jaime Ribeiro e letra de Maxsoel Bastos de Freitas. Nicole afirma que se sente representada pela faixa, mesmo escrita por homens:
- É uma letra que dá protagonismo a uma personagem feminina. Além disso, a "guria" da letra quer ser professora, um ofício fundamental para a sociedade, mas que infelizmente não é valorizado como merece.
Além de Nicole, a banda contava com outro talento da Califórnia Petiça, o acordeonista Leonardo Schneider, de apenas 13 anos. Guria ganhou a Calhandra de Prata e o prêmio do júri popular.
Já a Calhandra de Ouro, prêmio maior do festival, ficou com Leilão de Aperos, com letra de Flávio Saldanha e melodia de Nilton Ferreira. A música trata de um homem do campo que, em decadência financeira, precisa vender instrumentos de sua lida.
- Estamos vivendo em um tempo em que a valorização do trabalhador rural está deixando a desejar. Temos a recente reforma da Previdência, por exemplo, que veio a cortar muitos direitos - explica Flávio Saldanha.
Novidades
Como em 2018, a Califórnia não conseguiu realizar captação via leis de incentivo. No entanto, diferentemente do ano anterior, a organização decidiu realizar o evento, mesmo com orçamento mais enxuto. E, apesar das limitações, o festival conseguiu um público maior e mais engajado do que o da edição precedente.
Na grande final, os ingressos para a plateia se esgotaram. O preço acessível dos bilhetes - entre R$ 15 e R$ 25, aproximadamente metade do valor de 2017 - foi um dos responsáveis pela alta procura, mas não o único. O evento também se aproximou da comunidade ao promover uma noite exclusivamente voltada aos compositores de Uruguaiana, bem como visitou colégios das redes pública e privada para divulgar o festival e buscar voluntários.
- Buscamos nos aproximar da cidade e renovar o público. Não adianta nada a gente dizer que quer o público jovem, mas não ir em busca dele - afirma o coordenador Ivoné Emilio Colpo.
Para diminuir os gastos, quase todos os shows de convidados foram cortados. Para compensar, nas duas primeiras noites cada grupo concorrente realizava a apresentação de uma canção a sua escolha. A maior parte deles escolheu faixas que fizeram sucesso em Califórnias anteriores. A fórmula funcionou bem e deve se repetir nos próximos anos.
- O público quer ver os shows dos participantes. E as escolhas deles acabaram formando um retrospectiva das Califórnias - avalia Ivoné.
ALEXANDRE LUCCHESE
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