16 DE DEZEMBRO DE 2019
+ ECONOMIA
Por que a São João "parou para afiar o machado" e vai reacelerar
O ritmo de expansão da rede São João no Rio Grande do Sul já rendeu meme sobre o medo de chegar em casa e encontrar uma farmácia no lugar. Mas 2018 e 2019, conforme Pedro Brair, proprietário da rede, foram anos de "afiar o machado". A expressão vem da história de uma competição entre lenhadores, durante a qual um deles foi visto parado. No final, produz mais do que o que não parou, e explica que estava, na verdade, afiando o machado. Depois de somar 715 lojas em 2018, a rede vai fechar o ano com 690. Mas se encolheu o número de lojas, garante ter crescido neste ano 12% em faturamento, que deve passar de R$ 3 bilhões. E voltará a acelerar em 2020, quando pretende alcançar 750 pontos de venda e entrar no comércio online.
A São João desacelerou?
Em 2018 e 2019, paramos para afiar o machado. A expansão não foi na velocidade anterior, pois estruturamos da governança à automação. Investimos R$ 60 milhões em lojas existentes. Não priorizamos a abertura acelerada, mas a troca de lojas que não estavam no ponto de equilíbrio. Não falamos em encerramento de atividades e sim em transformação. Fizemos isso em 500 lojas nestes ano, que inclui fechamento, reforma ou mudança. E mesmo com menos lojas do que havia em 2018, estimamos aumento de faturamento de 12%, acima da média do setor, de 7% segundo a Abrafarma. Até o fim do ano, abriremos 10 lojas. Vamos fechar 2019 com 690 unidades. Em 2018, tínhamos 715.
Qual é o plano para 2020?
Pretendemos alcançar 750 lojas ativas. Vamos começar o próximo ano com expansão acelerada.
Por que a São João mantém lojas próximas uma da outra?
Quando não estão no ponto de equilíbrio, repensamos, mas tem lojas muito próximas e ambas têm êxito. Não dá para generalizar. O grande segredo do empresário é a capacidade de analisar o negócio. Não há nenhum constrangimento, fazemos isso sem nenhum problema. O mercado mudou muito, abríamos muitas lojas em período em que o mercado estava em ascensão. Hoje há novo cenário, precisamos nos adaptar. Só se fala em inovação, em startups. Estamos assustados com o mundo digital, tem muitos custos, mas não podemos ficar fora. Temos clientes digitais que nos cobram.
Vai estrear no e-commerce?
A projeção é que em março/abril do próximo ano já estejamos, no mínimo, no nível das demais empresas do topo do mundo digital. Teremos e-commerce a partir de março. Metade das nossas lojas tem sala para verificação de pressão arterial, a maioria das unidades oferece esse serviço gratuito, mesmo que haja toda essa disrupção o ser humano não vai ser substituído.
Como a São João vence o ceticismo em relação a dados como a alta de 12% no faturamento?
A São João tem auditoria externa há quatro anos. Por uma questão de compliance (conformidade às melhores práticas), a cada quatro anos mudamos a empresa que faz esse trabalho para manter a transparência nas informações. Somos a empresa que mais emite notas fiscais no Rio Grande do Sul, são cerca de seis milhões por mês, segundo a Secretaria da Fazenda (a coluna confirmou o dado com a Fazenda). Significa que quase metade do Rio Grande do Sul frequenta uma São João (projeção baseada no fato de o Estado ter 11 milhões de habitantes).
Toda expansão ainda é financiada com recursos próprios?
Sim, o segredo da São João é a mobilização das pessoas. Para montar cinco lojas no Paraná, cerca de 200 pessoas são mobilizadas. Ao todo, temos 11,6 mil funcionários, é quase a população de uma cidade média do Interior. A empresa é bastante conservadora no aspecto de crescer apenas com recursos próprios. Não podemos esquecer que nasceu em 1979.
Como a São João apoiou familiares dos mortos na boate Kiss?
Havia enormes dificuldades. Tudo que eles precisavam de medicamentos prescritos, nós dávamos. Não temos objetivo de alardear isso, mas fomos muito solidários. Temos muitas lojas lá, não poderíamos deixar de estar presentes em um momento em que a cidade precisava muito. Mantivemos até hoje, acabamos de renovar o convênio.
MARTA SFREDO
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